PM que matou campeão mundial de jiu-jitsu com tiro na cabeça tem prisão mantida pela Justiça 

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A Justiça manteve a prisão temporária de 30 dias do tenente da Polícia Militar Henrique Velozo, pelo assassinado com um tiro na cabeça, o campeão mundial de jiu-jítsu Leandro Lo , neste final de semana, após uma briga durante um show de pagode na Zona Sul de São Paulo. 

O acusado, de 30 anos, foi indiciado pela Polícia Civil pelo crime de homicídio doloso qualificado por motivo fútil, segundo informou também nesta segunda (8) a Secretaria da Segurança Pública (SSP), por meio de sua assessoria de imprensa. 

O lutador foi baleado na noite de sábado (6) no Clube Sírio, ele tinha 33 anos. A morte cerebral foi confirmada no domingo (7) pelo hospital onde estava internado. Nesta segunda, Leandro foi enterrado num cemitério na Zona Sul. 

Amigos e parentes do atleta que participaram do velório pediram a punição do policial pelo assassinato de Leandro. Henrique já havia sido condenado pela Justiça Militar de São Paulo por agredir e desacatar outros policiais militares na boate The Week, na Zona Oeste da capital, em 2017. Nos dois casos, o tenente da PM estava de folga, armado e sem uniforme. 

De acordo com as testemunhas, o tenente foi tirar satisfações com Leandro, que o imobilizou e depois que foi solto, sacou sua arma e disparou contra o rosto do lutador, que chegou a ser socorrido, mas não resistiu ao ferimento e morreu. 

O tenente fugiu após atirar em Leandro, mas se apresentou à Corregedoria da Polícia Militar, ainda no domingo, quando também foi levado para uma delegacia, onde foi interrogado. De acordo os policiais ele teria ficado em silêncio, sem responder às perguntas. 

Ainda no domingo a Justiça decretou a prisão temporária de 30 dias do tenente. Ele passou por audiência de custódia no Fórum da Barra Funda nesta segunda-feira, onde foi mantida a detenção dele por decisão judicial. Atualmente o tenente está detido no presídio militar Romão Gomes, na Zona Norte. 

O caso foi registrado no 17º Distrito Policial (DP), Ipiranga, mas será investigado pelo 16º DP, Vila Clementino. A Polícia Civil procura imagens de câmeras de segurança do clube para saber se elas gravaram a confusão e o momento que o PM atirou no lutador. Além disso, Henrique também é investigado pela Corregedoria da PM que apura a conduta do tenente para saber se ele cometeu algum crime militar. 

Fátima Lo, mãe de Leandro Lo, disse nesta segunda que o policial militar que atirou e matou seu filho também era praticante da arte marcial, conhecia o atleta e provocou a confusão. 

“Ele era lutador na vida, nos tatames ele só trouxe alegria para a gente. Muito preocupado com a família. Ele era a alegria em pessoa e uma pessoa que fez isso com ele… E a pessoa conhecia ele, porque era do jiu-jitsu também, e acabou acontecendo. A pessoa já foi para isso, com certeza já foi pra isso, só que a gente não sabe o porquê.” 

“Porque não tem explicação, a forma estúpida que aconteceu. Porque ele provocou uma confusão gente, justamente para o Leandro reagir e nessa ele tirou a vida do meu filho”, disse Fátima em entrevista à TV Globo. 

A declaração foi dada na frente do Cemitério do Morumby, na Zona Sul da capital, onde acontecia o velório de Leandro. 

“Meu herói, lindo da mãe! Você foi um presente de Deus na minha vida. Vou sentir tanta sua falta, tá faltando um pedaço de mim. Te amo eternamente filho amado. Guardarei as lembranças boas que foram muitas. Vc fazia eu me sentir a mãe mais amada do mundo. Muito obrigada pelo seu amor , seu cuidado. Te amo muito, saudade eterna”, escreveu Fátima Lo. 

Um amigo do lutador que presenciou o crime disse que o autor do tiro estava sozinho e provocou Lo e cinco amigos, que estavam numa mesa. 

“Ele chegou, pegou uma garrafa de bebida da nossa mesa. O Leandro apenas o imobilizou para acalmar. Ele deu quatro ou cinco passos e atirou”, disse a testemunha, que pediu para não ser identificada. 

Henrique apagou suas contas nas redes sociais após atirar em Leandro. Numa das postagens, antes do crime, o tenente tinha publicado uma foto dele segurando uma arma com a seguinte mensagem: “A arma de fogo anula a tirania do mais forte e protege a integridade do mais fraco”. 

O atleta foi socorrido e levado ao Hospital Municipal Arthur Saboya, no Jabaquara, também na Zona Sul de SP, onde veio a falecer em decorrência do ferimento de bala. 

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