De acordo com uma pesquisa mensal de inadimplência realizada pela Serasa Experian, divulgada nesta terça-feira (4), mais 200 mil brasileiros deixaram de pagar as contas em dia em junho. Com o acréscimo, é um novo recorde no Brasil: são 66,8 milhões, a maior cifra desde o início do levantamento, em 2016.
“O principal fator que tem provocado o aumento da inadimplência é essa inflação que continua rondando os 10% – que vai ainda pressionar o poder de compra ou afetando negativamente o poder de compra dos brasileiros durante o segundo semestre”, afirma Luiz Rabi, economista-chefe do Serasa.
O número de novos inadimplentes já havia surpreendido em maio. Sob os efeitos da inflação consistentemente descontrolada, do desemprego elevado e queda nas rendas, além dos juros altos, 400 mil pessoas atrasaram o pagamento das dívidas.
Um ano atrás, em junho de 2021, eram 62,5 milhões de pessoas inadimplentes – o que significa que mais 4,3 milhões tiveram dificuldade de pagar as contas.
Os bancos continuam sendo os maiores credores das dívidas não pagas. Em junho, 27,8% da soma de dívidas atrasadas era com o sistema bancário, o que inclui o cartão de crédito cuja taxa de juros – acompanhando a taxa básica de juros estipulada pelo governo – acima dos 350% ao ano
O dado mais preocupante. é o crescimento do número de brasileiros que deixaram de pagar contas básicas, como água, luz e gás. De acordo com a pesquisa, 22,6% das contas atrasadas se referiam aos serviços básicos – o que significa que uma grande parcela de brasileiros está ou corre perigo de ficarem sem fornecimento de luz, água ou gás em casa.
Segundo a Serasa, o número de brasileiros inadimplentes em junho, apesar do recorde, poderia ser ainda maior não fossem medidas extraordinárias como a antecipação do 13º salário dos aposentados e saque emergencial do FGTS.
Houve aumento do trabalho precário com 39,3 milhões de brasileiros sem carteira, sem direitos e salários baixos, com os preços da comida disparando. A fome explodiu atingindo 33 milhões de pessoas.
Com os juros atingidos os maiores patamares desde 2016, o consumidor que está usando o cartão de crédito para pagar contas básicas, cada vez se enrola mais no rotativo.
De acordo com o depoimento de Sara, funcionária pública em São Paulo, seu carnê de uma grande loja ofereceu o seguinte parcelamento na sua fatura do no valor de R$ 1,510,56 com vencimento em agosto: “Veja como é fácil!”, diz a loja, que tem o cartão administrado por um dos maiores bancos privados do pais, 1ª parcela de R$ 10,50 +30 vezes fixa de R$ 210,11. O total desembolsado será de R$ 6.315,97!