Bolsonaro tem inflação como seu pior adversário em pré-campanha eleitoral 

Brasil Política Últimas Notícias

Bandeiras como impedir a ameaça comunista, impedir a volta do PT ao poder e proteger a família tradicional brasileira tem garantido a Bolsonaro 20% dos votos, porém não serão suficientes para que ele vença as eleições. 

Hoje o maior adversário de Bolsonaro é a crise econômica e a inflação. A carestia de alimentos, energia e combustíveis vem impedindo a atual presidente em reduzir seu índice de rejeição. 

Em resumo: é o aumento generalizado dos preços, e não as alegadas e fantasiosas fraudes nas urnas, que mina as chances de Bolsonaro. Esse diagnóstico é consenso entre políticos, analistas e marqueteiros. 

Bolsonaro inclusive reconhece o peso da situação e vem tentando atenuá-la. No final do ano passado mudou o Bolsa Família para o Auxílio Brasil, aumentando o valor do benefício de R$ 190 para R$ 400. 

Anunciou a antecipação do 13o a aposentados e pensionistas do INSS e o saque de R$ 1000 do FGTS com objetivo de injetar recursos na economia. 

Essas medidas contribuíram para que o presidente recuperasse terreno e reduzisse de forma significativa a diferença para Lula entre o fim de 2021 e abril passado, mas em maio as pesquisas revelaram um quadro de relativa estabilidade, o presidente parou de crescer nas pesquisas, devido ao aumento do custo de vida. 

No mais recente levantamento Genial/Quaest, 50% dos entrevistados elegeram a economia como o principal problema do país. Ao detalharem a razão da escolha desse tópico, 18% mencionaram a inflação, que só ficou atrás de um genérico “crise econômica” (19%), que engloba uma série de fatores, como a própria carestia. Em janeiro, a inflação era citada por apenas 9%.  

O levantamento também mostrou que para 59% dos entrevistados piorou a capacidade de pagar contas nos últimos três meses. Em janeiro, o porcentual era de 51%.  

O horizonte inflacionário é desafiador para Bolsonaro, cuja rejeição é de 60%, enquanto a de Lula é de pouco mais de 40%.  

Em doze meses, o pão francês subiu 13,09% e o café, 67,53%. O leite longa vida, que pode ser misturado no café, aumentou 23,37%. A situação se torna mais preocupante quando são analisados produtos e serviços essenciais com impacto maior no orçamento familiar.  

Em doze meses, a alimentação em casa, a gasolina, o botijão de gás e a energia residencial subiram, respectivamente, 16,12%, 31,22%, 32,34% e 20,52%.  

Nos últimos dias, Bolsonaro reduziu pela segunda vez em 10% os impostos de importação sobre itens como feijão, carne, massas, biscoitos e arroz. Com o apoio do comandante da Câmara, Arthur Lira, expoente do Centrão e seu aliado, o presidente também tenta aprovar um projeto que reduz o ICMS de energia e combustíveis. 

Os combustíveis são um capítulo importante nesse jogo. Depois de declarar numa de suas lives que o lucro da Petrobras era um “estupro”, Bolsonaro anunciou a segunda troca do presidente da companhia em menos de dois meses. 

A ordem na coordenação petista é delimitar o debate à questão econômica e à carestia generalizada. “Para o povo brasileiro, o preço da gasolina a 8 reais, o diesel a 7 reais, o gás a 150 reais, 140 reais, 130 reais. E para os acionistas estrangeiros, o lucro.  Um governo totalmente irresponsável, não tem nenhuma preocupação com o povo brasileiro”, disse numa entrevista o ex-presidente Lula. 

A resposta dos bolsonaristas é quase sempre a mesma: repetir que a inflação é um fenômeno global. De fato, esse não é um problema só do Brasil. Um relatório distribuído no Fórum Econômico Mundial alertou para a possibilidade de uma escalada de preços na América Latina e nos Estados Unidos.   

O problema é que para Bolsonaro não basta ter um argumento pertinente ou razoável. Sua prioridade não é ganhar o debate, mas vencer a eleição. Para ter chances nas urnas, ele precisará baratear (ou manter) os atuais custos de alimentação, energia e combustíveis.   

Compartilhar esta notícia agora: