O empresário Sebastião Reinaldo Diorgi, de 56 anos, esteve em sua fábrica de móveis planejados em Jaú no domingo (30) e ao entrar notou uma Bíblia que ficava em seu escritório na empresa, aberta e seca em meio ao lamaçal.
De acordo com o empresário, ele e o irmão gêmeo tem a serraria há 21 anos e nos últimos 10 anos estão localizados próximos ao Rio Jaú, que transbordou com as chuvas.
Ele conta que na manhã daquele domingo a água já havia atingido 2,2 metros de altura, destruindo os maquinários da serraria e muitos produtos como armários e balcões que já estavam prontos para a entrega.
Quando a água baixou, o empresário começou a revirar o lamaçal que sobrou e, em meio a papeis e documentos da empresa inutilizados pela lama, ele encontrou a Bíblia que ficava no escritório aberta, seca e limpa.
“Isso [achar a Bíblia intacta] foi um sinal de que não devemos perder a fé de que vamos nos recuperar. Deus é tudo pra nossa família, meu irmão é ministro de eucaristia, eu faço pregações, e o que aconteceu aqui é a mensagem de que, enquanto a gente estiver vivo e com saúde, a gente consegue se recuperar”, disse o empresário.
Ainda segundo Sebastião Diorgi, o prejuízo estimado com a enchente é de cerca de R$ 75 mil, entre maquinários e material destruídos, mas mesmo assim, ele garante que pretende se reerguer para poder cumprir todos os compromissos assumidos com seus clientes.
“Perdemos tudo aqui na fábrica, até o cofre que tinha um pouco de dinheiro e cheques rodou na enchente. Mas não perdemos a fé. Vamos remontar o negócio e cumprir os compromissos”, disse.
De acordo com o balanço desta sexta-feira da Defesa Civil de Jaú, quase 1,5 mil pessoas foram impactadas pelas enchentes. A água entrou em pelo menos 592 casas.
Um morador morreu afogado depois de sua casa ser invadida pela enxurrada. Edson Aparecido Saes era catador de recicláveis e morava com o filho, de 31 anos, na casa que fica na Vila São Paulo em uma área de risco para inundações
Ações solidária continuam em escolas, igrejas e órgão públicos, os itens que mais faltam são materiais de limpeza, como vassoura e rodo, além de fraldas, leite e embalagens para os kits.
A Secretaria de Assistência Social já entregou roupas, produtos de limpeza e higiene pessoal para mais de 400 famílias.
A partir da próxima semana, as doações não vão ser distribuídas no ginásio que concentra as doações. Os colaboradores da prefeitura devem levar os produtos até as famílias atingidas.
O município também tem tirado a lama deixada pela enxurrada. Para evitar outros desastres em caso de novo temporal, a Secretaria de Mobilidade Urbana disse que busca licença ambiental para obras no trecho do rio próximo ao Jardim São José.
Dentre as opções estudadas para conter as enchentes está a construção de lagoas ao longo do leito do rio para conter a água da chuva.