Quem planta vento, colhe tempestade. E a ventania política que assola Brasília nesta sexta-feira (18) parece não poupar ninguém — nem o ex-presidente Jair Bolsonaro, que agora terá de se acostumar com uma nova rotina: tornozeleira no tornozelo, redes sociais em silêncio e visitas às embaixadas a no mínimo 200 metros de distância.
A caneta do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), voltou a pesar contra o ex-chefe do Executivo. Em uma decisão recheada de medidas cautelares, o magistrado determinou:
- Monitoramento eletrônico com tornozeleira obrigatória;
- Recolhimento domiciliar noturno, das 19h às 6h (segunda a sexta), e integral nos fins de semana;
- Proibição de contato com outros réus e investigados nos processos relacionados à tentativa de golpe de Estado;
- Bloqueio total do uso das redes sociais, inclusive por meio de terceiros;
- Distância mínima de 200 metros de embaixadas e consulados, além de veto a conversas com autoridades estrangeiras.
Além disso, a Polícia Federal foi autorizada a cumprir mandados de busca e apreensão em imóveis e hospedagens usadas por Bolsonaro. A ordem inclui apreensão de dinheiro em espécie — acima de R$ 10 mil — aparelhos eletrônicos, documentos e até a verificação de conteúdos em nuvem. Caso haja resistência, a força policial está autorizada a usar meios coercitivos, inclusive arrombamentos. A bronca é grande.
“Casa de ferreiro, espeto de pau”: a ordem também prevê buscas pessoais em terceiros e veículos, caso haja suspeita de que carreguem materiais de interesse da investigação.
Crise cruzando fronteiras
Como se não bastasse o cerco judicial, um ingrediente internacional apimentou ainda mais a semana: o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, impôs uma tarifa de 50% sobre produtos brasileiros e condicionou o recuo à suspensão das ações contra Bolsonaro. Em uma carta oficial, disse ver “um sistema injusto” agindo contra o aliado político.
O presidente Lula rebateu à altura e classificou o gesto como “chantagem descarada”, reafirmando que o Brasil é soberano e suas instituições são independentes.
Réu e sob pressão
Bolsonaro é réu no STF na ação penal 2.668, acusado de liderar uma organização criminosa que tentou impedir a posse do presidente eleito em 2022. A Procuradoria-Geral da República (PGR) já entregou as alegações finais pedindo sua condenação por crimes como:
- Tentativa de golpe de Estado
- Abolição violenta do Estado Democrático de Direito
- Dano qualificado ao patrimônio da União
- Deterioração de patrimônio tombado
Caso condenado, o ex-presidente pode pegar pena de prisão e perder definitivamente seus direitos políticos.
COMENTÁRIO JP JORNAL O POPULAR:
A corda está apertando e, desta vez, o cerco é eletrônico e silencioso. Com a tornozeleira no pé e o celular fora de jogo, Bolsonaro vive o reflexo de uma tempestade que ele mesmo ajudou a formar. A história está sendo escrita, e o final desse capítulo ainda está longe de ser previsível.
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