Nesta quarta-feira (18), o ex-presidente Jair Bolsonaro prestou depoimento à Polícia Federal em relação às mensagens de teor golpista enviadas por ele a um empresário investigado no inquérito das milícias digitais. Apesar de estar presente na sede da PF, Bolsonaro optou por não responder às perguntas dos investigadores.
Acompanhado por seus advogados, o ex-presidente afirmou ter entregado à PF um documento justificando os motivos para não prestar depoimento da forma convencional. Ele ressaltou a questão da competência, argumentando que o caso deveria ser tratado em primeira instância, e não pelo Supremo Tribunal Federal. Bolsonaro acrescentou: “Estamos sempre prontos a colaborar. Minha presença aqui hoje está relacionada aos inquéritos conhecidos como dos empresários, entendido?”.
Em agosto do ano passado, oito empresários passaram a ser investigados no âmbito do inquérito das milícias digitais, após conversas em um grupo de mensagens virem à tona. Eles discutiam a possibilidade de um golpe de estado caso Lula vencesse as eleições. Durante as investigações, a PF descobriu que Bolsonaro enviava mensagens com conteúdo falso e golpista ao empresário Meyer Nigri, pedindo-lhe que compartilhasse o material com grupos e contatos.
Questionado se havia discutido um golpe de estado com militares, Bolsonaro não negou e declarou que, ao longo de seu governo, houve debates sobre a convocação das Forças Armadas em operações de Garantia da Lei e da Ordem (GLO).
“Vocês me acusam de querer dar um golpe desde janeiro de 2019, quando assumi. A GLO foi discutida desde o início do meu mandato, em todo o Brasil. Essa possibilidade sempre foi debatida. Durante as eleições? A possibilidade existia”, afirmou Bolsonaro.