Ari da Cunha tinha 72 anos e tinha ido até a Câmara Municipal de Joinville, para imprimir sua própria biografia e uma carta de amor à sua mulher que faleceu no início do ano.
Mas quando saía da Câmara de bicicleta, um carro desgovernado o atingiu, e ele não resistiu aos ferimentos.
Marlete Vargas da Cunha, esposa de Ari, morreu aos 74 anos de idade em 29 de janeiro. Na carta ele dizia o seguinte:
“No dia 21 de junho de 1968, uma rosa sem espinho nasceu no fundo do meu coração, onde permaneceu até a data de 29 de janeiro de 2021, quando, com muito pesar, veio a falecer, aos 74 anos de idade. Nos deixando a saudade, mas também o prazer e o privilégio de termos convivido com esse exemplo de ser humano, de mulher, de mãe e de avó. No meu coração, será sempre como se você não tivesse partido, pois não há dor maior do que nos despedir do nosso próprio coração. Da morte só espero que se traga paz e o reencontro com as pessoas amadas que já se foram. Quem parte para o descanso eterno, deixa lágrimas de saudades e lembranças imortais”.
A carta feita por Ari demonstra a saudade que tinha por Malete. Confira abaixo mais um trecho:
Marlete,
Quando eu tinha você ao meu lado, me sentia mais forte. Hoje, me sinto muito fraco e sozinho, pois olho por todos os cômodos da casa e vejo tudo muito vazio sem a sua presença. Como eu sinto sua falta, meu coração sofre com a saudade. Sem você tem sido muito difícil viver e será assim até o fim da minha vida.
Não penso em mais nada além de você. Quando eu precisei de ti, sempre esteve presente ao meu lado e quando você precisou de mim, eu também estava. Estive ao lado da cabeceira da nossa cama procurando te acalmar muitas vezes, pois a dor que você sentia também doía em mim, pois juntos, formavámos um só corpo. Muitas lágrimas derramei por você nestes tempos difíceis.
Começamos nossa vida conjugal sem nada, mas, com a sua ajuda, conseguimos conquistar muitas vitórias e eu sentia que tínhamos muita riqueza de amor. Hoje, me sinto muito pobre. Você foi minha protetora, acolhedora, ajudadora e a segunda mãe. Permanecemos juntos por 52 anos, 7 meses e 1 semana que é igual 640 meses, 19.213 dias, 461.112 horas, 27.666.720 minutos ou 1.660.003.200 segundos. Aqui, nossas mãos se encontram para construir uma história. https://tpc.googlesyndication.com/safeframe/1-0-38/html/container.html
O chefe de gabinete José Carlos dos Santos confirmou que Ari esteve na Câmara e pediu para imprimir as duas cartas, a biografia e a outra, endereçada à mulher. “Conversamos por 15 minutos, onde contou os problemas em torno da doença de sua esposa, a dificuldade de uma doença não visível, que é a depressão”, afirmou.
Após as cartas serem impressas, Ari as assinou e deixou no gabinete, para serem entregues ao vereador Ednaldo José Marcos (Pros).
De acordo com a Polícia Militar, por causa da chuva, com a pista molhada, o condutor do carro acabou perdendo o controle do veículo e atropelando a vítima, que morreu no local. Depois de atingir o idoso, o carro ainda acertou o muro de uma empresa fabricante de autopeças.
O motorista foi atendido por socorristas do Samu com ferimentos leves. Ele permaneceu no local e chegou a fazer por duas vezes o teste do bafômetro, que deu negativo para presença de álcool no sangue.
Um boletim de ocorrência foi lavrado e o condutor do veículo pode responder por homicídio culposo, quando não há intenção de matar.