Brasil em luto diário: cinco jovens são assassinados a cada duas horas, revela Atlas da Violência

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Em 2023, país perdeu mais de 21 mil vidas entre 15 e 29 anos; 81% das mortes foram por armas de fogo. A juventude segue tombando, enquanto o país parece assistir calado.

Por JP Jornal O Popular

Enquanto muitos jovens sonham com faculdade, emprego e futuro, milhares têm suas histórias interrompidas a tiros. O Atlas da Violência 2024, divulgado na segunda-feira (12) pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) em parceria com o Fórum Brasileiro de Segurança Pública, trouxe um retrato sombrio da realidade no Brasil: cinco jovens são assassinados a cada duas horas no país.

Em 2023, foram 21.856 mortes de jovens entre 15 e 29 anos. Uma média assustadora de 60 por dia. Para se ter ideia do drama, esse número equivale à queda de um avião comercial lotado a cada semana, sem sobreviventes — só que, neste caso, as vítimas têm nome, endereço e sonhos interrompidos.

Segundo o pesquisador Daniel Cerqueira, coordenador do estudo, o Brasil não só mata muitos, mas mata cada vez mais cedo. “Em 1980, a maioria das vítimas tinha 25 anos. Hoje, o pico de idade das vítimas é inferior a 21. Estamos exterminando uma geração antes mesmo dela florescer”, alerta.

E como diz o povo, “onde passa boi, passa boiada”. A maior parte dos crimes (81,6%) foi cometida com armas de fogo, escancarando o acesso fácil e letal a instrumentos de morte. A desigualdade também aparece com força: Amapá e Bahia lideram o ranking com mais de 100 homicídios para cada 100 mil jovens, enquanto estados como São Paulo registram taxas bem menores.

Apesar da brutalidade dos números, o estudo mostra uma pequena tendência de queda desde 2017, quando o país viveu o pico da série histórica, com 72,4 homicídios por 100 mil jovens. Em 2023, esse índice caiu cerca de 6%, o que mostra que há luz no fim do túnel — mas a estrada ainda está coberta de sangue.

O relatório também aponta que entre 2013 e 2023 o país somou mais de 51 mil mortes com causa indefinida, mas com alta chance de serem homicídios. Ou seja, o número real de jovens assassinados pode ser ainda maior.

Para Cerqueira, a saída está no diagnóstico territorial. “Em todos os municípios, os homicídios se concentram em apenas 2 ou 3% do território. Se a gente foca nesses locais com políticas públicas eficazes, salva-se muita vida”.

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🗞️ Comentário JP Jornal O Popular:
O Brasil sangra seus jovens dia após dia, como se fosse normal enterrar futuros. E não é. Uma nação que mata seus filhos está cavando a própria cova. Precisamos de políticas que apontem para o amanhã — antes que não haja mais quem o veja.

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