✍️ Por Redação JP Jornal O Popular – Marília e Região
Quando a promessa é grande demais, o golpe costuma ser do mesmo tamanho – e foi exatamente isso que aconteceu com 496 contribuintes de todo o país, vítimas de um esquema profissional de fraude fiscal travestido de “consultoria tributária”. A operação batizada de “Obsidiana”, deflagrada nesta quinta-feira (24), mostra que o problema vai além do estelionato: revela uma falha crônica de controle, fiscalização e educação tributária no Brasil.
A quadrilha vendia “créditos mágicos” que supostamente permitiriam compensar tributos com valores que sequer existiam. Um verdadeiro conto do vigário tributário, com aparência de legalidade, site bem feito e promessa de economia rápida. Muitos empresários, sem conhecimento técnico ou confiando demais no discurso técnico da falsa consultoria, caíram como patinhos. E o prejuízo coletivo já ultrapassa os R$ 450 milhões – isso só no que foi identificado.
A Receita Federal e a Polícia Federal fizeram o que precisavam: foram às ruas com mandados de busca e apreensão, mirando inclusive uma fintech criada apenas para lavar o dinheiro do golpe e esconder o rastro dos golpistas. A estrutura era robusta, com uso de laranjas, manipulação do sistema do e-CAC e movimentações de valores por fora do radar da e-Financeira.
Mas a pergunta que fica é: como um esquema tão óbvio passou impune por tanto tempo? Onde estava o filtro da Receita? Onde estavam os alertas prévios? Será que, mais uma vez, o Fisco só enxerga quando o leite já está derramado?
Pior ainda: muitos dos contribuintes agora terão que arcar não só com os impostos “economizados” ilegalmente, mas também com multas, juros, processos administrativos e até responsabilidade criminal. Ou seja, perderam duas vezes: uma pro golpista e outra pro sistema.
E enquanto isso, os verdadeiros especialistas em contabilidade e tributação – que estudam, seguem a lei e orientam com responsabilidade – perdem espaço para charlatões de terno e powerpoint.
“Gato por lebre se compra uma vez só… depois vira lição”, já diz o ditado. Mas é preciso mais que lições: é preciso ação preventiva, comunicação clara com o contribuinte e fiscalização técnica proativa. Senão, a Receita só vai continuar apagando incêndios enquanto golpistas vendem fumaça como se fosse solução.
📲 Participe do canal do JP JORNAL O POPULAR – Marília e Região no WhatsApp: (14) 99797-3003
Receba as principais notícias e bastidores de investigações no seu celular, com agilidade e responsabilidade.
🗣️ Comentário do JP JORNAL O POPULAR:
“Fraude desse tamanho não se esconde debaixo do tapete. Se o sistema público permitiu que ela crescesse, também precisa dar respostas à altura. E rápido. Golpe fiscal não é só roubo: é traição à sociedade.”