Um Ano de Javier Milei: Inflação Controlada, Mas a Pobreza Bate na Porta da Argentina
“Economizar é bom, mas apertar demais o cinto pode sufocar”, dizem os argentinos sobre o primeiro ano de Milei no governo.
O economista ultraliberal Javier Milei completou um ano como presidente da Argentina nesta terça-feira (10), trazendo uma mistura de alívio e dor ao país. Ele conseguiu o que parecia impossível: frear a inflação galopante. Em janeiro, a inflação mensal era de 25,5%; agora, em outubro, caiu para 2,7%, o menor índice em três anos. Mas como bem diz o ditado, “não se faz omelete sem quebrar ovos”, e o preço dessa conquista foi amargo para os argentinos.
A pobreza disparou, atingindo 49,9% da população, e o Produto Interno Bruto (PIB) deve encolher entre 2,5% e 3,2% em 2024. São números que refletem o peso de medidas de austeridade que fizeram o país frear os gastos, mas também frearam sonhos. “A corda arrebenta sempre do lado mais fraco”, dizem especialistas, e na Argentina de Milei isso ficou evidente.
Cozinhas comunitárias e a fome das crianças
Enquanto a inflação deu trégua, a fome aumentou. Duas em cada 10 crianças vivem em extrema pobreza, segundo a Universidade Católica Argentina (UCA). Cozinhas comunitárias têm sido o último recurso para milhares de argentinos desempregados e aposentados. A insegurança alimentar, que havia diminuído desde 2004, voltou a assombrar o país, alcançando 24,3% em 2024.
Medidas que apertam e desagradam
O pacote de austeridade de Milei incluiu cortes drásticos no orçamento público: redução de subsídios para energia e transporte, suspensão de obras públicas, eliminação de ministérios e demissões em massa no funcionalismo. O consumo geral despencou mais de 20% em outubro, e os setores da indústria, varejo e construção civil foram duramente atingidos.
A popularidade cresce mesmo com o aperto
Apesar do impacto social, a aprovação de Milei subiu para 47% em novembro. Para muitos, sua postura firme contra os velhos hábitos políticos é um alento. “Ele cortou na carne, mas tem quem veja esperança no corte”, afirmou um analista.
JP Jornal O Popular comenta: “Na Argentina de Milei, o ditado ‘enxugar gelo’ nunca fez tanto sentido: um país que tenta segurar a inflação, mas vê a pobreza escorrer pelos dedos. O que será do próximo ano? O tempo dirá.”
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