Diagnosticada com um tipo raro de câncer, uma paciente do Rio de Janeiro passou por um transplante inédito no Brasil, ela recebeu parte do fígado da própria filha para o tratamento da doença.
A microempresária Elizabeth Maria Kastrup descobriu que estava doente em junho do ano passado. Após passar por uma cirurgia para remoção do câncer e inúmeros tratamentos, só restou uma opção: o transplante do fígado.
O diagnóstico foi de colangiocarcinoma intra-hepático, um tipo raro de câncer no fígado que, no caso de Elizabeth, afetou a chamada veia cava, responsável por levar o sangue que circula no corpo de volta ao coração.
Com a saúde debilitada, começou uma corrida contra o tempo para realizar a cirurgia. Contudo, uma lei federal impede que pacientes com o quadro semelhante ao da microempresária recebam o fígado de uma pessoa já falecido. Nesse caso, a solução seria um doador vivo, preferencialmente da mesma família.
Depois de testes de compatibilidade com as filhas Luiza e Júlia, a mais velha definiu a questão: “eu senti que seria eu… sempre fomos muito próximas, faria de tudo pra salvar minha mãe”.
Foram mais de 10 horas de uma cirurgia bem sucedida. Júlia doou 60% do fígado, órgão capaz de se regenerar. A operação foi o primeiro transplante da América Latina para o tratamento do colangiocarcinoma.
“Essa veia que a gente chama de veia cava, que traz todo o sangue das pernas, dos rins, ela passa dentro do fígado. […] Foi necessária a remoção dessa veia e a colocação de uma prótese para substituir essa veia porque essa veia é fundamental pro funcionamento do corpo e, depois, o fígado da Júlia foi reimplantado nessa prótese que foi colocado no lugar da veia cava”, conta o cirurgião Eduardo Fernandes.
Recentemente, mãe e filha voltaram para uma consulta de revisão e tiveram uma ótima notícia: Elizabeth não tem mais nenhuma célula do tumor circulando no sangue.