Ana Patrícia Maestrello, mãe de Agatha Rebeca Mestrello, de 12 anos, que possui escoliose idiopática e necessita de cirurgia corretiva, contou que sua filha passou no dia 29 por três novas consultas, com a ajuda de voluntários que se disponibilizaram a pagá-las, e a coluna de sua filha já ultrapassou os 100 graus e agora comprime os órgão da menina.
Ana Patrícia Maestrello, moradora de Marília, começou a vender bolos para arrecadar o valor para pagar a cirurgia. A dona de casa, de 35 anos, disse que o valor arrecadado até então pela família é de cerca de R$ 50 mil, porém, como o grau de curvatura aumentou, houve um reajuste no valor da cirurgia, realizada em SP: de R$ 150 mil para R$ 250 mil.
“Em uma das consultas paga por um voluntário, em São Paulo, foi constatado o aumento na curvatura na coluna da Agatha, de 75 para 101 graus. O médico disse que é grave, é caso de cirurgia. Porém, para realizar a cirurgia eu preciso estar com o dinheiro em mãos”, lamenta.
Ana Patrícia corre contra o tempo na tentativa de ter o valor o quanto antes.
“Estamos nessa ‘corrida contra o tempo’ para arrecadar o valor da cirurgia. As consultas foram muito boas, mas ainda não temos nada concreto. Ficamos bem preocupados com a progressão que a Agatha teve na coluna. Ela começou a fazer pilates e fisioterapia com pessoas que se propuseram a não cobrar”, comentou.
Ainda de acordo com Ana Patrícia, Agatha passou por um atendimento pelo Sistema Único de Saúde (SUS) no Hospital das Clínicas (HC) de São Paulo, foi apontado o prazo de 5 a 10 anos na fila de espera.
“Quando eles falaram dessa fila enorme, eu solicitei uma carta que diz que não há data prevista para a realização da cirurgia pelo SUS, mas que o caso é urgente já que a curvatura progride, compromete a autoestima e, pior, órgãos como o pulmão e o coração”, diz.
A Secretaria de Saúde do Estado de SP, informou que a paciente passou por consulta no final de janeiro na especialidade de Ortopedia no Conjunto Hospitalar do Mandaqui.
“Conforme orientado aos pais, a unidade acompanhará o caso para a realização da cirurgia eletiva indicada. A paciente passará por diversas avaliações pré-cirúrgicas e exames para que tão logo seja marcado o procedimento. Todas as orientações foram prestadas aos responsáveis, mas a unidade permanece à disposição”, afirmou a nota.
Agora Ana Patrícia busca apoio de voluntários que comprem seus bolos ou ajudem com doações via PIX.
“As roupas já não servem mais, ela fica envergonhada perto dos amigos e da família. Antes ela desfilava, hoje ela não vai mais. Para piorar, sabemos que a escoliose compromete os órgãos também, a função pulmonar e o coração”, afirma.
O médico especialista em deformidades na coluna do Centro de Excelência em Escoliose do Hospital Ortopédico da AACD, Alexandre Fogaça, disse que o diagnóstico precoce pode impedir que a curvatura aumente consideravelmente em um curto período.
“Com o diagnóstico precoce é possível aplicar tratamentos como o colete de correção da postura, exercícios que, em até 70% dos casos, consegue impedir a progressão e evitar a necessidade de cirurgia”, salienta.
https://081962b8b3ab292862125053405835db.safeframe.googlesyndication.com/safeframe/1-0-38/html/container.html Ainda segundo o médico, a escoliose idiopática, caso de Agatha, está entre os quatro tipos mais comuns. Nesse caso, a medicina ortopédica não explica as causas. A depender dos graus de curvatura, existe um tratamento mais adequado.
“A escoliose é uma doença que acomete 4% da população, entre casos mais graves e mais leves. A idiopática é a mais comum entre as deformidades. As curvas de 20 a 25 graus podem ser tratadas com exercícios, já as curvas de 25 a 40 graus, os médicos indicam uso de colete sob medida associado a exercícios. A curva acima de 50 graus é considerada cirúrgica”, diz.
O grande problema apresentado pelo médico é se a curvatura está acima de 90 graus, como é o caso de Agatha, pois, na maioria das vezes, causa dor, repercussões neurológicas, compressão de órgãos e, em casos extremos, pode até atrapalhar a alimentação.
Por isso, o médico reforça a importância de pais e professores de educação física se atentarem aos desníveis nas colunas, ombros, bacias. De acordo com Alexandre, a cirurgia é complexa, de alto valor, feita em centros especializados e, em alguns casos, pode exigir transfusão de sangue.