A Justiça deu seu recado em alto e bom som: quem acha que pode transformar rua em tribunal e vingança em sentença, vai parar atrás das grades. O Tribunal do Júri de Cafelândia condenou, na última quarta-feira (24), um homem e uma mulher acusados de sequestrar, despir, amarrar e espancar um suspeito de furtos na cidade. A cena brutal, registrada em março de 2024, correu as redes sociais como exemplo do que há de mais selvagem: um ser humano imobilizado, ensanguentado e humilhado como se a lei não existisse.
A sentença foi pesada, mas proporcional à barbárie: 12 anos de prisão para a mulher e 14 anos para o homem, ambos em regime fechado. O recado é cristalino: quem acha que faz “justiça com as próprias mãos” está, na verdade, cometendo crime — e crime grave.
A violência filmada
Nas imagens que circularam na época, a vítima aparece nua, amarrada, recebendo chutes na cabeça, socos e pauladas. A mulher, em plena luz do dia, desfere golpes sem piedade. O comparsa segura a corda que prende os pés do rapaz, enquanto o corpo da vítima já mostrava sinais de esgotamento e sangramento.
Ele sobreviveu por milagre. Foi socorrido em estado grave e levado à Santa Casa de Lins. A motivação? O rapaz era suspeito de pequenos furtos na região. Mas, como bem diz o ditado: “ladrão de galinha não se combate com fuzilamento”.
Justiça não é vingança
A promotora de Justiça Eliana Komesu Lima não deixou dúvidas ao apresentar a denúncia: o que se viu não foi defesa, foi ataque. Não foi reação, foi tentativa de homicídio. Não foi coragem, foi covardia. A condenação marca uma linha clara: em um Estado de Direito, ninguém tem licença para torturar em nome da justiça.
O caso expõe um dilema recorrente: parte da sociedade aplaude quando alguém “paga na marra”. Mas o resultado, invariavelmente, é mais violência e mais caos. Justiça só é justiça quando passa pela lei. Fora disso, é barbárie.
JP Jornal O Popular opina
O julgamento em Cafelândia acende um alerta para todos: justiça não pode ser terceirizada para a fúria de quem acha que pode ser juiz, júri e carrasco ao mesmo tempo. Hoje, a dupla foi condenada. Amanhã, quem se deixa levar pelo instinto pode ser o próximo.
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Porque, como diz o povo: “quem planta violência, colhe prisão”. E nós estamos aqui para mostrar cada passo desse caminho.