Mulas do Tráfico: Quando a Busca por Dinheiro Leva ao Desespero
No Brasil, o número de mulheres presas como mulas do tráfico disparou, e o aumento de casos registrados é de dar medo. De 2023 para 2024, a quantidade de pessoas flagradas com drogas no estômago cresceu mais de 300%. Os números são alarmantes, e o cenário do Aeroporto de Guarulhos, em São Paulo, virou um verdadeiro ponto de partida para histórias de arrependimento, sofrimento e desespero.
O ditado “quem com ferro fere, com ferro será ferido” nunca fez tanto sentido. Afinal, o que parece ser uma chance de escapar de dificuldades financeiras pode se transformar em um pesadelo difícil de escapar. Mulheres de diferentes nacionalidades, principalmente estrangeiras, caem na tentação do dinheiro fácil e, como diz o ditado, “quem é comido pelo cão, acaba lambendo a faca”. O que essas mulheres não imaginavam era que, por dentro de seus próprios corpos, estariam carregando algo muito mais pesado do que apenas cocaína ou maconha: estariam carregando uma sentença de sofrimento e perda.
O Peso da Culpa e da Desesperança
A sul-africana de 38 anos, detida em São Paulo com cerca de 10 quilos de cocaína no estômago, não se esquece dos dias em que pensou que tudo seria fácil. Ela aceitou o trabalho para pagar o tratamento de câncer e, hoje, reflete com amargor: “todos os dias, me arrependo”. Esse é um retrato comum entre as mulas do tráfico. O desejo de mudar de vida e a promessa de dinheiro fácil acabam virando uma armadilha sem saída. Uma mulher boliviana, presa no dia 24 de dezembro, carregava um quilo de cocaína no estômago. Não teve o presente de Natal que esperava, e as festas se tornaram lembranças distantes.
Essas histórias são um reflexo de uma realidade que parece distante, mas está muito mais próxima do que imaginamos. Elas são aliciadas por organizações criminosas, que as prometem uma grana rápida e fácil. Mas, como o ditado diz, “quem tem pressa, come cru”, e a pressa de ganhar dinheiro leva à pressa de carregar algo dentro de si que pode destruir uma vida inteira.
Vulnerabilidade e Falta de Opções
As histórias dessas mulheres são de pura vulnerabilidade. A maioria delas, como explica o diretor da Penitenciária Feminina Santana, Osvaldo Martins Bueno, não tem antecedentes criminais. São pessoas simples, que não imaginam o que as aguarda. Algumas, como a sul-africana que tem quatro filhos, simplesmente confiavam nas promessas de traficantes. “Me garantiram que eu estaria segura”, diz, com os olhos marejados.
Mas a realidade é dura e cruel. A pena por tráfico de drogas pode variar de 5 a 15 anos, mas há atenuantes. As mulas têm uma chance de reduzir a pena, de acordo com a gravidade do caso, e podem até cumprir parte da sentença em regime aberto. No entanto, isso não apaga o sofrimento de quem ficou com o peso da culpa – e de quem está pagando um preço muito alto por um erro que parecia pequeno.
Comentários do JP Jornal O Popular
O caso das mulas do tráfico é um exemplo claro de como o “dinheiro fácil” pode ser, na verdade, um “preço amargo” a ser pago. Mulheres que, por desespero, aceitaram carregar a dor e o peso da prisão, e que agora enfrentam uma vida marcada pela culpa e pelo arrependimento. A lição que fica é clara: nenhum dinheiro vale o risco de perder a liberdade – e a vida – por algo que pode destruir você por dentro. O tráfico pode parecer uma saída, mas, como dizem por aí, “quem com ferro fere, com ferro será ferido”.
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