Brasileiros ilegais nos EUA enfrentam tempos de incerteza com políticas migratórias
Minas Gerais sente o peso das deportações e a queda no envio de remessas para o Brasil
A corda sempre arrebenta do lado mais fraco! Aproximadamente 230 mil brasileiros vivem ilegalmente nos Estados Unidos, e boa parte deles tem raízes no leste de Minas Gerais. Para essas famílias, a esperança de uma vida melhor no exterior virou incerteza com o endurecimento das políticas migratórias. Se antes o sonho americano era um passaporte para um futuro promissor, agora virou um pesadelo para muitos conterrâneos.
As remessas de dólares enviadas pelos imigrantes foram, por anos, a âncora econômica de pelo menos 50 cidades mineiras. Mas, com a onda de deportações e o medo de sair de casa, esse dinheiro está minguando. “Nós tínhamos um mercado em ascensão e vínhamos em ritmo de crescimento nos últimos anos. Com essa nova medida, as pessoas estão tímidas”, lamenta a empresária Simone Amâncio, que sente o impacto direto no comércio local.
Nos EUA, medo e incerteza tomam conta
Ronaldo Felício, que há 22 anos mora regularmente em Massachusetts, acompanha de perto a realidade dos imigrantes brasileiros. No escritório de advocacia onde trabalha, ele ouve diariamente relatos de compatriotas apavorados com a possibilidade de serem capturados e enviados de volta ao Brasil. “Muitos agricultores já começaram a se queixar dos imigrantes não irem trabalhar, porque estão com medo de serem deportados. Se continuar assim, no máximo em uma semana, vai começar a faltar muita coisa”, alerta.
O pavor da deportação já bateu à porta de Jonas Jorge Cordeiro. Expulso dos Estados Unidos no final do ano passado, ele agora enfrenta uma nova realidade no Brasil e teme pelo destino dos filhos, que permaneceram ilegalmente no país junto com a mãe. “Tenho muito medo do que possa acontecer com meus amigos e com os meus familiares. Então, a melhor escolha que eu fiz foi conversar com a mãe deles para que eles retornem ao Brasil”, desabafa.
Retorno forçado e recepção nada acolhedora
Em Itambacuri, a 100 km de Governador Valadares, muitos sonhos ficaram pelo caminho. Alisdete Gonçalves dos Santos foi deportado com a esposa e os filhos pequenos e relembra o drama da viagem de volta ao Brasil. “O avião veio desde os Estados Unidos com problemas mecânicos. Eu escutei do lado direito da turbina um barulho estranho. Ficamos parados por quatro horas dentro do avião, sem ar-condicionado. Nesse momento começou um tumulto.”
A socióloga Sueli Siqueira destaca que a situação dos deportados tem sido marcada por violações aos direitos humanos. Para ela, o Brasil precisa rever sua postura diante desse cenário. “A deportação sempre existiu, mas agora, com essa forma como está sendo conduzida, o governo brasileiro precisa pensar na recepção desses imigrantes. Essas pessoas estão voltando em condições extremamente traumáticas.”
Impacto na economia mineira
Além do drama humano, a economia das cidades mineiras que dependem dessas remessas de dinheiro pode sofrer um baque ainda maior. “Sem esses dólares circulando, o comércio fica mais fraco, a construção civil desacelera e a renda das famílias despenca”, comenta um economista da região.
Se a maré já estava ruim, agora virou ressaca! Com o endurecimento das políticas migratórias e a incerteza no ar, a única certeza para os brasileiros ilegais nos EUA é que tempos difíceis ainda estão por vir.
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