Um recente relatório liderado pela Organização Não Governamental (ONG) Public Eye e em colaboração com a Rede Internacional em Defesa do Direito de Amamentar (IBFAN) lançou luz sobre as práticas da gigante de alimentos Nestlé. A empresa está sendo duramente criticada por supostamente incluir açúcar em produtos destinados a bebês em países de baixo e médio rendimento, uma prática que não é refletida em suas operações nos países desenvolvidos, como a Europa, onde está sediada.
Disparidade Internacional: Práticas Divergentes
Enquanto na Suíça, sede da multinacional, os produtos para bebês são comercializados sem adição de açúcar, o relatório aponta que em nações em desenvolvimento, como o Brasil, a presença de açúcar em produtos como Ninho e Mucilon é notável. Esse contraste alarmante levanta sérias preocupações sobre as práticas éticas e de saúde pública da empresa em diferentes regiões do mundo.
Estratégias Questionáveis: Influenciadores Digitais e Marketing Agressivo
Além das acusações sobre a composição dos alimentos, o relatório destaca o uso de influenciadores digitais em diversos países para impulsionar as vendas desses produtos. A presença de açúcar, muitas vezes em níveis elevados, em itens destinados a bebês, como Ninho e Mucilon, está no cerne das críticas.
Impacto Global: Mercado e Saúde em Questão
A Nestlé controla cerca de 20% do mercado global de alimentos para bebês, um setor avaliado em quase 70 bilhões de dólares. O relatório revela que marcas como Mucilon e Ninho estão entre as mais vendidas da empresa em países de baixo e médio rendimento, somando vendas globais de mais de US$ 2,5 bilhões em 2022.
Alerta da OMS: Riscos à Saúde Infantil
Especialistas de renome, como Nigel Rollins, cientista da Organização Mundial da Saúde (OMS), expressam preocupação com as implicações dessas práticas na saúde pública. O risco de acostumar as crianças a níveis elevados de açúcar desde tenra idade pode contribuir para problemas de saúde como obesidade, diabetes e hipertensão no futuro.
Resposta da Nestlé: Defesa e Compromissos Futuros
Nestlé defendeu suas práticas, afirmando aplicar os mesmos padrões de nutrição, saúde e bem-estar em todas as regiões onde opera. A empresa ressaltou sua conformidade com regulamentações locais e padrões internacionais, incluindo os limites de açúcar em seus produtos.
Compromisso Contínuo: Redução de Açúcar e Apoio à Amamentação
A Nestlé destacou seus esforços contínuos para reduzir a quantidade de açúcar em seus produtos infantis, afirmando uma redução de 11% na última década. Além disso, a empresa reiterou seu apoio à recomendação da OMS de amamentação exclusiva nos primeiros seis meses de vida.
Conclusão: Desafios Éticos e de Saúde
As acusações contra a Nestlé lançam luz sobre questões éticas e de saúde pública, instigando um debate crucial sobre as práticas da indústria de alimentos em relação à nutrição infantil. Enquanto a empresa defende suas políticas, a comunidade internacional permanece atenta às implicações dessas práticas para o bem-estar das gerações futuras.