Brasil atinge 9.9 milhões de desempregados e bate recorde de trabalhadores sem carteira

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De maio a julho de 2022, o Brasil encerrou o trimestre com recorde de brasileiros exercendo atividades de trabalho precário, com instabilidade ou jornada excessiva, baixos salários e sem direito a férias, aposentadoria, entre outros direitos trabalhistas.

Uma Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua), divulgada nesta quarta-feira (31) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mostrou que quase 40% da força de trabalho no País, ou 39,3 milhões de trabalhadores estão na informalidade do trabalho, tirando seu sustento dos famosos “bicos”.

No trimestre encerrado em julho, a taxa de desemprego no País recuou para 9,1%, no entanto, a falta de trabalho ainda atinge 9,9 milhões de pessoas. No Brasil, destaca-se ainda que há 6,5 milhões de pessoas subocupada por insuficiência de horas trabalhadas e outras 4,2 milhões desalentadas – pessoas que desistiram de procurar emprego por não acreditar que há oportunidade ou por outros motivos. Com isso, a população subutilizada foi estimada em  24,3 milhões de pessoas no trimestre.

Já no setor privado, 13,1 milhões de pessoas foram constatadas no período de maio a julho trabalhando sem carteira assinada – o maior número da série da pesquisa, iniciada em 2012. Um crescimento de 4,8% no trimestre (mais 601 mil pessoas) e de 19,8% (2,2 milhões de pessoas) no ano.

O número de trabalhadores por conta própria, no trimestre, foi de 25,9 milhões de pessoas. Comparado ao trimestre anterior, houve crescimento de 1,3% (326 mil pessoas), enquanto, na comparação com o mesmo período do ano passado, o avanço foi de 3,5% (mais 872 mil pessoas).

O número de trabalhadores autônomos, sem um CNPJ  – titulado na pesquisa como “empregadores” – chegou a 4,3 milhões de pessoas no País. Um crescimento de 3,9% no trimestre (mais 162 mil pessoas) e de 16,2% (597 mil pessoas) no ano. Já o número de trabalhadores domésticos ficou em 5,8 milhões de pessoas no período.

Com carteira assinada no setor privado (exclusive trabalhadores domésticos) foi estimado em 35,8 milhões, alta de  1,6% (555 mil pessoas) frente ao trimestre anterior e de 10,0% (mais 3,3 milhões de pessoas) na comparação anual. Já o número de empregados no setor público (12,0 milhões) cresceu 4,7% no trimestre e 5,1% no ano.

Com a maioria das vagas ocupadas em atividades descalçados de direitos trabalhistas,  o rendimento do trabalho  médio chegou a  R$ 2.693 no trimestre, uma queda de 2,9% no ano. No trimestre encerrado em julho, o rendimento médio real habitual era de R$ 2.773.

Os dados da Pnad Contínua revelam que o emprego no Brasil não está “bombando” – assim como Bolsonaro alegou no primeiro debate entre os candidatos à Presidência da República  realizado no último domingo.

Há um enorme desemprego disfarçado no País após o pico da crise econômica provocada pela Covid-19 – que só foi agravada pela falta de vontade do governo Bolsonaro em combater a pandemia no País (cabe lembrar aos leitores, que as medidas econômicas e a vacinação da população foram conquistadas a fórceps, ou seja, porque houve pressão social).

No atual ambiente em que a economia está estagnada, com inflação e juros altos, as pessoas que perderam seus empregos na crise sanitária foram empurradas para o subemprego, ocupações secundárias, normalmente informais e precárias, para gerar alguma renda. São brasileiros, que entram nas estatísticas do IBGE como ocupados, mas que na realidade buscam oportunidades de empregos com carteira assinada, com pagamento regulares e estabilidade, não essa desgraça de hoje, que os condena a longas jornadas de trabalho sujeitas a situações fortuitas de um dia ou mês bom e o restante  de péssimos pagamentos, sem direito a uma parada para alimentação e ao descanso, sem direitos a aposentadoria, e sem outros direitos trabalhistas.

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