Por Alan Teixeira | JP Jornal O Popular
Neste domingo (20), o Brasil perdeu uma de suas vozes mais autênticas e vibrantes: Preta Gil, filha do ícone Gilberto Gil, faleceu aos 50 anos, em Nova York, após longa e corajosa batalha contra um câncer no intestino. A notícia caiu como um trovão no coração de milhões de fãs e admiradores.
Como diz o ditado: “quem canta, seus males espanta” — e Preta fez exatamente isso até o fim. Mesmo diante da doença, enfrentou o diagnóstico com força, fé e música no peito. Depois de tratamento intensivo no Brasil, incluindo quimioterapia, radioterapia e cirurgia em 2024, o câncer reapareceu, espalhando-se por outras regiões do corpo. A artista então buscou esperança nos EUA, onde fazia um tratamento experimental em Washington, mas infelizmente não resistiu.
O pai, Gilberto Gil, emocionado, informou nas redes sociais que a família trabalha agora para trazer o corpo de Preta de volta ao Brasil.
Vida intensa, carreira brilhante
Preta Gil nasceu cercada por arte, música e ancestralidade. Filha de Gil, sobrinha de Caetano Veloso e afilhada de Gal Costa — ela era a cara e a alma da música popular brasileira. Aos 29 anos, trocou a publicidade pelo palco e lançou seu primeiro álbum, Prêt-à-Porter, com a polêmica capa nua e o hit “Sinais de Fogo”. A crítica caiu matando, mas Preta nunca se acanhou. Como ela mesma disse: “Lancei achando que estava abafando, e estava mesmo.”
Com um jeito despachado, sem papas na língua e com o coração sempre exposto, ela foi construindo sua trajetória sem pedir licença.
Vieram discos como Preta, Noite Preta e Sou Como Sou, onde exalava empoderamento e brasilidade. O “Baile da Preta”, que ela mesma dizia ser um espelho do seu ecletismo, misturava do axé ao forró, do funk ao pop, com a alegria típica de quem nasceu no palco.
Uma mulher de muitas faces
Além da música, Preta fez televisão, participou de novelas e apresentou programas que tratavam de temas tabus com leveza e inteligência. Foi empresária, referência no meio artístico e cultural, e mentora de grandes nomes da nova geração, como Pabllo Vittar, Luísa Sonza e muitos outros.
E como esquecer o Bloco da Preta? Criado em 2010, arrastou multidões pelas ruas do Rio. Em 2017, foram mais de meio milhão de foliões cantando, pulando e vibrando com sua energia única.
Preta dizia que aquele era o ápice do seu ano. Era ali, entre o batuque e o suor do povo, que ela se sentia mais viva.
Legado e amor
Mãe de Francisco Gil e avó da pequena Sol de Maria, Preta foi também filha devota, irmã afetuosa e amiga leal. Em 2021, gravou com o filho a música Meu Xodó, que ela dizia ter sido a salvação em meio à dor.
Entre um refrão e outro, Preta Gil viveu com intensidade, verdade e coragem. Sofreu preconceito, foi julgada, caiu, levantou, dançou e cantou — tudo sem perder a ternura nem a força.
Comentário do JP Jornal O Popular:
“A vida é mesmo um sopro”, dizia Dona Marisa, mãe de Chico Buarque. E hoje, esse sopro virou brisa leve que leva Preta Gil para os braços de Gal, para a luz eterna onde moram os gigantes da arte. O Brasil perde uma mulher intensa, plural, uma alma boa, um furacão de alegria. Fica a saudade, a voz, e o exemplo. Vá em paz, Preta. Você foi e sempre será ‘de todas as cores’.
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