Esperar 27 anos para abraçar os próprios filhos não é coisa fácil. Mas a brasileira Vagna Bandeira Abbas teve que engolir o choro, segurar as pontas e enfrentar uma batalha de décadas até o tão sonhado reencontro. A história que começou com um golpe traiçoeiro em 1997 finalmente teve um final emocionante na última quarta-feira (5), em Ibitinga (SP), quando ela pôde, enfim, sentir o calor do abraço dos seus meninos.
Uma armadilha bem montada
Dizem que “a mentira tem perna curta”, mas, no caso de Atef Abbas, ex-marido de Vagna, a perna foi longa o suficiente para levá-lo, junto com os filhos, até o outro lado do mundo. Após cinco anos de casamento, e com o divórcio engatilhado, o libanês aplicou um golpe digno de novela: aproveitou uma visita a Ibitinga, fingiu uma dor de cabeça, saiu para a farmácia com as crianças e… desapareceu. De táxi até São Paulo, depois um passaporte falsificado e, num piscar de olhos, estavam a caminho do Líbano.
Na época, Vagna sentiu o cheiro de algo estranho no ar e, ao procurar o cunhado, teve a certeza de que tinha sido passada para trás. A primeira ligação do ex-marido foi um balde de água fria: “Eles estão bem, mas você nunca mais os verá.” E assim começou a via-crúcis de uma mãe determinada a lutar até o fim.
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Uma luta sem descanso
Quando se trata de amor de mãe, a frase “quem espera sempre alcança” não é apenas um ditado popular, é uma verdade incontestável. Vagna não se calou. Buscou apoio da família, da Justiça, da diplomacia e até fez greve de fome na Embaixada do Brasil no Líbano. Conseguiu pequenos encontros com os filhos, mas nunca a guarda deles.
A briga tomou proporções internacionais. Em meio a processos e negociações, até o então senador Eduardo Suplicy entrou na jogada para tentar sensibilizar autoridades brasileiras e libanesas. Mas o destino ainda pregaria mais algumas peças.
A reviravolta: Justiça foi feita!
O jogo virou quando Atef foi pego pela Interpol na Romênia, acusado de falsidade ideológica. O caso repercutiu tanto que a prisão foi noticiada no Jornal Nacional nos anos 2000. Enquanto isso, os filhos cresceram sob os cuidados dos avós paternos, longe da mãe.
Em 1999, Vagna venceu um processo contra o cartório que permitiu a falsificação de sua assinatura, garantindo uma indenização milionária. Mas dinheiro nenhum no mundo substituiria os abraços que ela tanto esperava.
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O grande dia: o abraço tão esperado
Depois de tantos anos, a quarta-feira (5) amanheceu diferente. Por volta das 5h da manhã, Hamzé, agora um homem feito, voltou para os braços da mãe. O irmão mais velho, Bilal, foi o mediador do encontro, já que Hamzé passou a vida no Líbano e não fala português. “Foi emocionante”, conta Vagna, com a voz embargada.
Hoje, Bilal mora em Portugal, onde se formou engenheiro civil. Hamzé, o caçula, também construiu sua vida, se casou e se tornou pai. Agora, depois de tanto tempo separados, a família finalmente se reencontra, refazendo os laços perdidos pelo tempo.
E o ex-marido? “Isso é passado, agora ele vive em Dubai. Sei pouco sobre ele”, disse Vagna, deixando claro que a vida segue. Afinal, “água passada não move moinho”, e o que importa é que o amor materno venceu as barreiras do tempo e da distância.
🔴 JP Jornal O Popular: Essa é a prova viva de que “o bem sempre vence no final”. Uma história que o tempo tentou apagar, mas que o amor de mãe escreveu com tintas indeléveis no coração. 💙
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