Júri Popular Absolve PMs Acusados de Torturar e Matar Adolescente com Choques Elétricos em Bauru
Na última terça-feira (23), um veredicto chocante foi proferido pelo júri popular no caso do adolescente Carlos Rodrigues Júnior, de apenas 15 anos, brutalmente torturado até a morte por policiais militares em Bauru (SP). Os quatro réus, Roger Marcel Vitiver Soares de Souza, Emerson Ferreira, Juliano Arcangelo Bonini e Maurício Augusto Delasta, foram absolvidos das acusações de homicídio com emprego de tortura e uso de meios que dificultaram a defesa da vítima.
O terrível episódio ocorreu na madrugada de 15 de dezembro de 2007, no Núcleo Mary Dota, quando os PMs, em busca de uma motocicleta roubada, invadiram a residência onde o jovem morava. Carlos foi submetido a descargas de choque elétrico, vindo a falecer horas depois, ao dar entrada no pronto-socorro central.
O Ministério Público denunciou que cinco policiais entraram no quarto do adolescente, o imobilizaram, algemaram e o agrediram com choques elétricos, na tentativa de obter uma confissão sobre o roubo e a localização da arma supostamente utilizada no crime. O laudo do Instituto Médico Legal (IML) revelou mais de 30 lesões causadas pelos choques, confirmando o ato de tortura.
O julgamento, iniciado na segunda-feira (22) no Fórum de Bauru, foi marcado por debates intensos e culminou com a leitura da sentença pela juíza Érica Marcelina Cruz, da 1ª Vara Criminal de Bauru. O conselho de sentença reconheceu a materialidade do crime, porém, por maioria de votos, absolveu os réus por negativa de autoria.
A decisão abriu espaço para um possível recurso por parte do Ministério Público. Este caso representa um duro golpe para a busca por justiça e levanta questionamentos sobre a eficácia do sistema judiciário em lidar com casos de violência policial e tortura.