O governador Tarcisio de Freitas (Republicanos), em seu esforço contínuo para transferir o patrimônio paulista ao setor privado, está planejando realizar um leilão para que empresas privadas assumam a construção e administração de 33 escolas estaduais. Essa medida, denominada como “projeto piloto”, é duramente criticada pelo presidente da União Municipal dos Estudantes Secundaristas (UMES), Lucca Gidra, que argumenta que o objetivo do governador é se eximir da responsabilidade com a Educação.
Para Gidra, a proposta privatista, somada aos cortes de mais de R$ 9 bilhões planejados pelo governo na área, representa um grave atentado à educação pública no estado de São Paulo.
“Este projeto do governo é mais uma investida criminosa contra a educação em São Paulo. Trata-se de um piloto de privatização do ensino que retira do estado a responsabilidade pela oferta e pelo direito à educação, entregando-a a uma empresa privada. Entretanto, o objetivo primordial de uma empresa é o lucro, não a qualidade real da educação, o progresso dos alunos ou a adequação do ambiente escolar. Isso acarreta uma série de problemas e não reflete os princípios fundamentais da educação”, enfatizou Gidra em entrevista à Hora do Povo.

Ele lembrou que muitos serviços nas escolas já são realizados por empresas privadas, e o resultado frequentemente é o abandono dos espaços, devido à redução de funcionários e à precarização tanto do trabalho quanto do ambiente escolar.
“Não criticamos este projeto por mero capricho. Atualmente, diversos serviços nas escolas já estão sob responsabilidade da iniciativa privada, como a merenda e a limpeza, e até mesmo segurança em algumas instituições. No entanto, vemos com frequência profissionais abandonando seus postos devido à falta de pagamento ou à contratação insuficiente de funcionários, o que resulta em padrões inadequados de limpeza e em situações em que a própria direção da escola é obrigada a assumir tarefas que não lhe competem”, criticou.
Gidra enfatizou que o cerne do problema não está na incapacidade das direções escolares em gerir as instituições, mas sim na falta de recursos do governo estadual para a contratação de mais funcionários.
“O governo não disponibiliza os recursos necessários para a contratação de funcionários adicionais dentro das escolas. Se investirmos mais em recursos humanos, tanto na administração quanto na parte operacional, conseguiremos resolver esses problemas e desmantelar de vez o discurso de que a educação pública é ineficiente devido à suposta má gestão do estado e dos servidores públicos”, destacou.
Por fim, Gidra alertou que este projeto piloto não resolverá a questão subjacente da necessidade de investimento adicional nas gestões escolares.
“O problema é que o governo não está fornecendo as ferramentas adequadas para que as gestões escolares desempenhem suas funções de maneira eficaz. Este projeto piloto, que inicia com a construção de 33 escolas, pode se expandir para outras instituições, seguindo o exemplo do que ocorreu no estado do Paraná”, concluiu Gidra.