Ao menos 80 pessoas da comunidade LGBTQIAP+ morreram de forma violenta, de janeiro a abril deste ano no Brasil. O levantamento foi realizado pelo Observatório de Mortes e Violências LGBTI+ no Brasil e divulgado neste mês, quando é celebrado o Dia Internacional da Luta Contra a LGBTfobia.
O dossiê denuncia ainda que durante o ano de 2022 ocorreram 273 mortes LGBT de forma violenta no país, ou seja, um LGBT foi morto a cada 32 horas em 2022.
Dessas mortes, 228 foram assassinatos, 30 suicídios e 15 outras causas. O número é menor do que o registrado em 2021, 316 mortes, e maior do que o total de 2020, quando foram registradas 237 mortes.
Apesar do índice alto, o Observatório alerta que há uma significativa subnotificação do número de mortes violentas de LBGTI+ no Brasil e isso se dá, segundo a organização, pela ausência de dados governamentais. As principais fontes consultadas foram casos publicados na mídia.
Na pesquisa, mortes violentas tratam de assassinatos, suicídios, assim como mortes ocorridas em função da busca por procedimentos estéticos, da ausência de acesso à saúde específica, do uso de substâncias ilícitas e outros óbitos com causas não identificadas, mas associadas a contextos de LGBTIfobia.
As principais vítimas, segundo o dossiê, são a população de travestis e mulheres trans e homens gays. Eles representam 58,24% (159 mortes) e 35,16% (96 mortes) do total de óbitos de 2022.
Dentre os estados com o maior número de vítimas, Ceará aparece no topo do levantamento, com 34 mortes; seguido por São Paulo, com 28 mortes; e Pernambuco, com 19 mortes. Entretanto, se considerado o número de vítimas por milhão de habitantes, o ranking da violência LGBTIfóbica é liderado por Ceará, com 3,80 mortes; Alagoas, com 3,52 mortes e Amazonas, com 3,29 mortes.
No que diz respeito aos municípios brasileiros com mais mortes violentas contra LGBTI+ registradas em 2022, os índices mais altos foram observados em algumas das maiores cidades do país: Manaus (12); São Paulo (11); Belo Horizonte, Rio de Janeiro e Juazeiro do Norte (com 7 casos cada).
Outro dado preocupante, publicado pela ONG Transgender Europe (TGEU), em novembro de 2021, colocou o Brasil pelo 14º ano seguido como o país que mais assassina pessoas travestis e transexuais. Foram 131 indivíduos mortos.