Na manhã de quarta-feira (26), em depoimento prestado à Polícia Federal, Jair Bolsonaro disse que compartilhou sem querer um vídeo que questionava o sistema eleitoral, após o pleito de 2022.
A declaração é uma clara tentativa de escapar da acusação da frustrada intenção de dar um golpe no país após a derrota eleitoral.
A PF tomou as declarações de Bolsonaro após determinação do ministro do STF, Alexandre de Moraes, que investiga os mandantes dos atos terroristas de 8 de janeiro e dos atos golpistas nas portas dos quartéis. Na avaliação de investigadores, a postagem foi feita no dia 10 de janeiro pelo investigado, porém com medo, ao ver pessoas sendo presas, o ex-presidente rapidamente apagou a postagem.
A história narrada por Bolsonaro foi que ele queria salvar o vídeo para visualização posterior, mas compartilhou, sem querer. Isso tudo lá dos Estados Unidos. Bolsonaro não respondeu a outros questionamentos e afirmou aos investigadores que se quiserem marcar nova data para tratar desses assuntos vai comparecer.
Na época, a postagem serviu para insuflar ainda mais a sua horda de fascistas que havia invadido Brasília e destruído as sedes dos Três Poderes. A publicação liga Bolsonaro aos atos golpistas e aos bloqueios de estradas patrocinados por seus seguidores.
A PF considera a publicação como um sinal de que Bolsonaro queria estimular os terroristas.
O ex-presidente chegou à sede da Polícia Federal, em Brasília, pouco antes das 8h50, acompanhado da defesa, e saiu por volta de 11h20. Esta sede, onde o depoimento foi colhido, também havia sofrido uma tentativa de invasão no dia da diplomação de Lula.
O depoimento, que durou cerca de duas horas, e faz parte do inquérito do Supremo Tribunal Federal (STF) que apura os atos golpistas de 8 de janeiro.
Após o depoimento, o advogado de Bolsonaro, Paulo Cunha Bueno, confirmou o teor das declarações. A defesa ainda tentou introduzir mais um ingrediente na história. De que no dia da postagem, o ex-presidente tinha acabado de receber alta após ser internado para tratar uma obstrução intestinal e tinha sido medicado com morfina.