Envolvendo uma das famílias mais ricas do mundo, a notícia se espalhou rápido quando Alberto Safra, resolveu processar a própria mãe e dois irmãos.
A ação foi aberta nesta segunda-feira (6) na Suprema Corte do Estado de Nova York, nos Estados Unidos e envolve a fortuna do pai, Joseph Safra, morto em 2020.
Alberto acusa a mãe, Vicky Safra, e irmãos Jacob e David Safra de diluírem propositalmente a participação dele na holding do Safra National Bank.
Vicky Safra porém, alega que Alberto foi deserdado após um desentendimento com o pai.
Desde a morte de seu marido, o controle de alguns dos bens mais valiosos da família passou a ser exercido por Vicky Safra, de 69 anos.
Junto com os quatro filhos, a fortuna da família soma mais de US$ 16,2 bilhões, de acordo com o cálculos do Índice de Bilionários da Bloomberg.
Entre os bens da família, estão o banco J. Safra Sarasin, da Suíça, e do Banco Safra, do Brasil, dois bancos que somam cerca de US$ 90 bilhões em ativos totais. Imóveis como o arranha-céu Gherkin, em Londres, e número 660 Madison Avenue, em Nova York também estão entre as propriedades dos Safra.
De origem grega, Vicky Safra tinha apenas 17 anos quando se casou com o homem que viria a se tornar o banqueiro mais rico do mundo. Cinco décadas depois, ela e os filhos agora são os guardiões da vasta fortuna de Safra, construída ao longo de 180 anos em três gerações e quatro continentes, o que faz dela uma das mulheres mais ricas do planeta.
A fortuna bancária dos Safra tem suas raízes em Aleppo, na Síria, onde a família fundou o Safra Frères & Cie na década de 1840 para financiar caravanas montadas em camelos que cuidavam do comércio durante o antigo Império Otomano.
Foi também a cidade natal de Jacob Safra, que mudou com a família para o Brasil, em 1953, onde fundou uma empresa de importação e comércio de metais, máquinas e gado, a Safra Importação e Comércio, e, posteriormente, criou um banco.
Joseph, seu filho mais novo, passou boa parte do período estudando na Inglaterra e depois foi morar nos Estados Unidos e na Argentina. Ele só se mudaria para o Brasil quando a saúde do pai começou a piorar.
Foi então que conheceu sua futura esposa, cuja família, como os Safra, também era judia e havia emigrado para o país — os Sarfaty vieram da Grécia na década de 1950, quando Vicky era criança. Eles se casaram em 1969.
“Foi um amor à primeira vista, um amor que duraria até o último momento de sua vida”, segundo o relatório anual do J. Safra Sarasin.
Vicky e Joseph Safra tiveram quatro filhos e 14 netos. Jacob, de 45, o filho mais velho, é o responsável pelas operações internacionais dos negócios da família, enquanto o mais novo, David, de 36, supervisiona os negócios no Brasil.
Seu pai, que tinha doença de Parkinson, passou mais de uma década preparando-os para assumir o controle do conglomerado. Eles terão o desafio de guiar os bancos da família por um mercado financeiro em franca transformação, enfrentando a concorrência de empresas novatas em seus negócios tradicionais, como empréstimos e gestão de patrimônio.
Como seu falecido marido, que raramente dava entrevistas, Vicky também se mantém discreta. Suas raras aparições públicas geralmente são motivadas por trabalhos filantrópicos, incluindo os da Fundação Vicky e Joseph Safra.
Ela vive na Suíça e não mora no Brasil há quase uma década, segundo uma pessoa com conhecimento do assunto, que pediu para não ser identificada. Os Safras não quiseram comentar.
Seu irmão, Helio Sarfaty, trabalha no Banco Safra há quatro décadas e é responsável pelo negócio de pagamentos Safrapay. Sua irmã, Gretta Sarfaty, é uma artista contemporânea. Os outros dois filhos de Joseph e Vicky Safra têm empreendimentos fora dos negócios principais da família.
O filho do meio, Alberto, de 41 anos, deixou o conselho do banco da família em 2019, mas manteve sua participação no Grupo J. Safra. Ele criou a ASA Investments, que tem unidades de gestão de ativos e de fortunas. É Alberto quem decidiu processar a própria mãe. Em comunicado, a família refuta as alegações e diz que ele “atentou contra o pai em vida e agora o faz contra sua memória”.
Esther, de 44, é educadora e dirige a escola Beit Yaacov, em São Paulo, criada pela fundação da família Safra.
Duas transações recentes mostram como a nova geração pretende expandir o império familiar. A J. Safra Sarasin concluiu há pouco tempo a compra dos negócios de private banking do Bank of Montreal em Hong Kong e Cingapura, enquanto o Banco Safra anunciou em abril que estava comprando operações de private banking e gestão de ativos do Crédit Agricole no Brasil.
“Estou confiante de que o grupo tem a escala e a força para atender às necessidades de nossos clientes para as gerações futuras, e esperamos ter outros 180 anos de resiliência e performance”, escreveu Jacob Safra no relatório anual J. Safra Sarasin.