A cúpula da Polícia Rodoviária Federal (PRF) prevê gastar R$ 144 mil com viagens do diretor-geral Silvinei Vasques a Madrid, na Espanha.
A justificativa é de que Silvinei fará mestrado de “Alta Direção em Segurança Internacional” no Centro Universitário da Guarda Civil.
O diretor-geral fez a solicitação há dois meses e a documentação foi assinada pelo diretor-executivo substituto do órgão, Daniel Souto. A autorização ainda deve passar pelo crivo do Ministério da Justiça, comandado por Anderson Torres, aliado de Vasques.
Do total, R$ 122.808,18 serão empregados em hospedagem e R$ 21.953,31 em passagens aéreas e seguro viagem. O curso está previsto para começar em dezembro, de forma remota, mas conta com três módulos presenciais, que demandam a aprovação de três viagens.
Durante a gestão de Silvinei na PRF, processos de aprovação de viagens e as respectivas despesas passaram a ser tratados como restritos, quando só um grupo de servidores e agentes têm acesso, ou sigilosos, quando apenas a cúpula do órgão acessa a documentação.
Vasques, que está sob investigação, entrou de férias um dia depois do Ministério Público Federal do Rio pedir seu afastamento por 90 dias. O motivo seria o uso indevido do cargo durante a campanha eleitoral deste ano.
De acordo com a Procuradoria, Silvinei usou a imagem da PRF para “favorecer o candidato à reeleição”, Jair Bolsonaro (PL). Ele teria “manifestado apreço” e pedido votos ao presidente nas redes sociais e em eventos públicos oficiais, usando “o mais importante cargo da hierarquia” da PRF em benefício do político. Além de “configurar crime eleitoral”, a atitude viola “os princípios da legalidade, da impessoalidade e da moralidade”.
O MPF ainda cogita que a postura de Silvinei impactou diretamente nos bloqueios ilegais realizados pela PRF no dia do segundo turno, em especial no Nordeste, reduto de eleitores petistas.
Silvinei também está na mira do MPF por ser acusado de perseguir policiais rodoviários que não declararam apoio a Bolsonaro. Os agentes alegam, em depoimentos e representações, que sofreram ameaças do diretor-geral e de outros integrantes do comando da corporação por terem posição política contrária.