Nesta quarta-feira (9), a menos de dois meses para deixar o Palácio do Planalto, o presidente Bolsonaro nomeou o advogado André Ramos Tavares para ser ministro substituto do TSE (Tribunal Superior Eleitoral).
Tavares foi nomeado através de decreto assinado por Bolsonaro e divulgado no Diário Oficial da União. O advogado irá substituir o ministro Carlos Mário da Silva Velloso Filho, que pediu renúncia do cargo.
O advogado é professor titular da Faculdade de Direito da USP e ministra a disciplina de Direito Econômico e Economia Política, de acordo com o site da universidade.Bolsonaro havia recebido em maio a lista com três nomes, que têm histórico de relações próximas com adversários políticos do governo. O chefe do Executivo é obrigado a respeitar a lista tríplice eleita pelo STF. Ela era composta por Tavares, Fabrício Medeiros e Vera Lúcia Santana, primeira mulher negra a entrar numa disputa dessa natureza.
Tavares já era considerado favorito. Ele foi integrante da Comissão de Ética Pública da Presidência da República, e interlocutores de Bolsonaro afirmam que seu desempenho no colegiado foi visto com bons olhos pelo governo.
Pesava contra Tavares, porém, a relação histórica que construiu com o PT. O advogado já assinou textos contrários ao impeachment de Dilma e manteve proximidade com o Partido dos Trabalhadores até nos piores momentos da legenda.
Em 2018, posicionou-se a favor da participação do ex-presidente Lula nas eleições daquele ano, quando o petista foi declarado inelegível pelo TSE porque tinha sido condenado em segunda instância no caso do tríplex, o que foi revertido pelo Supremo em 2021.
Tavares foi apoiado nos bastidores pelo ministro Ricardo Lewandowski, outro que não tem uma boa imagem junto à base bolsonarista —ambos são professores da USP.