A partir do dia 20, o preço da gasolina vendida das refinarias às distribuidoras teve uma queda de R$0,20, o que deve trazer alívio à inflação já este mês e em agosto, conforme previsão de analistas.
Esta melhora na inflação pode ajudar o presidente Jair Bolsonaro, candidato à reeleição, a melhorar suas projeções de intenção de votos nas pesquisas eleitorais, onde aparece em segundo lugar, atrás do primeiro colocado, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
O combustível nas refinarias passou de R$4,06 para R$3,86 por litro, uma queda de 4,92%.
Esta é a primeira queda do preço da gasolina vendida pelas refinarias da estatal desde dezembro de 2021. Desde então, a política de preços dolarizada praticada pela Petrobras elevou os preços a recordes históricos.
Como consequência do valor mais baixo da gasolina, poderá haver uma queda na inflação oficial no país nos meses de julho e agosto. Segundo cálculos do economista da Fundação Getulio Vargas (FGV), André Braz, o corte da gasolina pode levar a uma queda de 0,05 ponto porcentual no IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) em julho, e de até 0,10 ponto em agosto. A cada 1% de queda no preço da gasolina, a inflação recua 0,07 ponto porcentual, de acordo com as projeções.
Ainda para o economista, a redução no preço da gasolina tem efeito imediato e um peso grande no IPCA: “O efeito máximo será percebido em agosto. Quando se olha a inflação anual, o índice deve cair da previsão de 7,5% para 7,4%, se for mantido o preço atual. A redução da Petrobras é mais um componente que ajuda a diminuir as tensões inflacionárias para 2022”, pontua.
Nas últimas quatro semanas, o preço médio da gasolina no Brasil passou de R$ 7,39 por litro para R$ 6,07, segundo levantamento da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP). A queda tem relação com o corte na alíquota do ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços) que foi limitada em 17% em lei aprovada no Congresso. A medida, no entanto, surtiu efeito menor que o esperado pelo governo.
Além disso, a redução do preço da gasolina a partir do dia 20 zera a diferença de preços em relação ao mercado internacional, na avaliação da Abicom (Associação Brasileira dos Importadores de Combustíveis). De acordo com dados da entidade, antes da redução, a gasolina era vendida no Brasil 8% mais cara (ou R$ 0,30 por litro) que nos demais países. Agora, está em linha com o cenário externo.
Para o economista do ICL Andre Campedelli, os combustíveis são os principais responsáveis pela inflação do ano de 2022. Portanto, uma redução do preço da gasolina deve gerar mesmo alívio inflacionário. Contudo, ele salienta que, neste momento, “temos uma queda do preço do petróleo, graças à situação incerta da economia chinesa, que vem fazendo com que todas as commodities, inclusive as minerais, tenham seus preços internacionais caindo”.
Campedelli complementa dizendo que, “com isso, a Petrobrás segue sua política de precificação, reduzindo o preço da gasolina. Caso não ocorram choques de inflação mais robustos, que podem vir dos alimentos, existe, sim, a possibilidade de uma deflação para o mês de julho”.