A inflação acumulada no Brasil alcançou a marca de 653%, desde o lançamento do Plano Real, em julho de 1994.
O levantamento foi feito pelo economista Bruno Imaizumi, da LCA Consultores, e leva em consideração a variação do IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo).
Com a inflação acumulada no período de 28 anos, para se ter o mesmo poder de compra da nota de R$ 100 de quando o plano foi lançado, o consumidor teria de gastar, hoje, R$ 748,04.
Fazendo a conta inversa, a nota de R$ 100 compra hoje o mesmo que seria possível comprar com R$ 13,91, em 1994, descontada a inflação.
O salário mínimo, neste mesmo intervalo de tempo, saiu de R$ 64,79 para os atuais R$ 1.212, alta de aproximadamente 1.770%, graças à política de valorização do mínimo implantada nas gestões de Lula (2003/2011) e Dilma (2011/2016).
Nos últimos dois, três anos, para o economista, “o brasileiro vem perdendo poder de compra com uma recomposição da renda insuficiente para compensar a alta dos preços de itens básicos, como alimentação e energia”.
Ainda de acordo com o economista, a inflação, hoje um problema mundial e que afeta principalmente economias mais fracas como a brasileira, voltou a ser sentida com mais força pelos brasileiros, sobretudo pelos mais pobres.
Isso é devido a alta de preços, além de estar espalhada na maioria dos bens e serviços consumidos, está pesando mais em itens considerados essenciais, como alimentos, transporte (principalmente combustíveis), contas de água e luz.
“Além de tudo, a incipiente recuperação da renda do trabalho ocorre de maneira lenta. Ou seja, os reajustes nos salários não acompanham a inflação elevada”, conclui.
Imaizumi lembra ainda que, em um cenário de juros e inflação rodando em níveis elevados no país, e com uma atividade econômica com dificuldades para engatar, as pessoas com as contas em atraso têm alcançado patamares recordes.
Dados do Indicador Serasa Experian de Inadimplência do Consumidor mostram que o Brasil bateu o recorde com 66,6 milhões de inadimplentes em maio, o maior número desde o início da série histórica, em 2016. Na comparação com maio de 2021, houve um acréscimo de 4 milhões de nomes negativados.