Uma pesquisa realizada pelo Datafolha mostrou que 1 em cada 4 brasileiros avalia que a quantidade de comida disponível em casa é inferior ao necessário para alimentar a família.
O preço da cesta básica subiu 27% e os mais afetados são os lares mais pobres. Entre os que têm renda familiar de até dois salários mínimos (R$ 2.424), a insegurança alimentar é de 38%.
A pesquisa ainda revela que a quantidade insuficiente de comida é frequente entre moradores do Nordeste (32%) e Norte (30%); no Centro-Oeste, afeta 24% da população, na frente das regiões Sul (24%) e Sudeste (22%).
A pesquisa foi feita na última semana, para 26% dos entrevistados, a comida disponível nos últimos meses era abaixo do suficiente, enquanto 62% julgaram ser suficiente e apenas 12% diziam acreditar ser mais do que o suficiente.
O Inquérito Nacional sobre Insegurança Alimentar no Contexto da Pandemia da Covid-19 no Brasil já havia registrado que 33 milhões de pessoas passam fome no país.
Além disso, a informalidade é uma situação crescente na saída do pior momento da pandemia. Dos brasileiros que trabalham e não têm carteira assinada, 65% já trabalharam com carteira e 32% nunca trabalharam registrados.
Do total dos entrevistados, 37% têm algum desempregado em casa (incluindo o próprio entrevistado) e 49% dos que estão nessa situação têm renda familiar de até dois salários mínimos por mês.
O tempo em que muitos desses trabalhadores estão fora do mercado de trabalho também é um fator alarmante. Dos entrevistados que estavam desempregados, 39% estavam nessa situação há mais de dois anos, 29% há no máximo seis meses, 18% há mais de um ano e menos de dois anos e 12% de 6 a 12 meses.
As diferenças regionais também pesam neste caso sendo que o desemprego de mais de dois anos é um problema maior no Norte (45%), Nordeste (41%) e Sudeste (41%) na comparação com Sul (24%) e Centro-Oeste (28%).
Dos que avaliam o governo do presidente Jair Bolsonaro (PL) como ruim ou péssimo, 42% disseram estar desempregados há mais de dois anos, 29% até seis meses, 18% de um a dois anos e 10% entre seis meses e um ano.
O desemprego também é um fator relevante para as eleições: 29% dos eleitores de Bolsonaro têm um desempregado em casa (incluindo o próprio entrevistado). Já entre os que pretendem votar no ex-presidente Lula (PT), 42% moram com alguém que está sem ocupação.
Entre de Lula, 63% não têm ninguém com carteira assinada em suas casas (incluindo o próprio entrevistado) ante 58% dos que preferem Bolsonaro.
Ainda, dos entrevistados, 22% diziam ter recebido o Auxílio Brasil em junho —um patamar semelhante ao que o instituto havia captado em maio (21%) e março (23%) passados.