A guerra entre a Rússia e a Ucrânia causou uma disparada nos preços globais de grãos, o que afetou os custos da indústria de carnes brasileira.
Porém, um eventual recuo nas exportações ucranianas de carne de frango, abriu uma lacuna que pode ser ocupada pelos frigoríficos brasileiros.
Analistas e representante da indústria também veem chance nas negociações para retirada de suspensões a unidades do Brasil, que foram embargadas pelos europeus em 2018.
“O setor produtivo tem se preparado para suprir lacunas e apoiar a segurança alimentar de nações que possam vir a ser desabastecidas pela provável suspensão ou diminuição das exportações de carne de frango e suína da Rússia e da Ucrânia”, disse à Reuters a Associação Brasileira de Proteína Animal.
Na avaliação da ABPA, que representa gigantes como JBS e BRF no Brasil, maior exportador global de carne de frango, os dois países em conflito são players relevantes, e concorrentes do Brasil, em mercados importantes do Oriente Médio e da Europa.
“Pode acontecer um ganho de competitividade”, disse o presidente da ABPA, Ricardo Santin.
“Abre-se uma oportunidade para o Brasil, mas abre também para todos os produtores globais”, disse o diretor da Scot Consultoria, Alcides Torres, destacando que os Estados Unidos também podem sair beneficiados.
A exportação de carne de frango da Ucrânia gira em torno de 430 mil toneladas por ano, volume que representou cerca de 10% da exportação brasileira em 2021, notou ele.
De acordo com a associação, há cerca de 20 unidades brasileiras suspensas pelos europeus, que já cumpriram todos os requisitos necessários para retomada da habilitação. A suspensão veio diante de denúncias investigadas pela operação Trapaça, da Polícia Federal.
“Se a Europa tiver mesmo necessidade da carne brasileira, é claro que esses frigoríficos suspensos pela Operação Trapaça vão ser revistos com velocidade”, acrescentou o diretor da Scot.