“Salário dobra, silêncio ecoa e o povo paga a conta”: o aumento que Ourinhos não esquece
Se tem uma coisa que o povo aprende cedo é que “quando a esmola é grande, o santo desconfia”. E foi com essa pulga atrás da orelha que a população de Ourinhos recebeu a notícia: os vereadores aprovaram um reajuste de 113% nos próprios salários, empurrando o subsídio para R$ 15,9 mil mensais, além de 13º salário e mais cadeiras no Legislativo. Tudo dentro da lei. Tudo aprovado sem um único voto contra. Tudo em silêncio.
Silêncio, aliás, que falou alto.
Enquanto o trabalhador acorda cedo, enfrenta ônibus lotado e faz milagre com o salário no fim do mês, no plenário o aumento veio redondo, bem servido, “com faca e garfo”. E ainda disseram que é para corrigir defasagem. Mas como diz o ditado: “defasado está o bolso do povo”.
A justificativa oficial é conhecida: não vale para os atuais vereadores, segue a Constituição, respeita o teto, não compromete as finanças. Tudo muito técnico. Muito jurídico. Muito distante da realidade de quem conta moedas no mercado. Porque, na prática, o recado que fica é outro: quando é para o próprio bolso, a unanimidade aparece.
O pacote é completo: salário mais que dobrado, 19 vereadores em vez de 15, 13º garantido. E o cidadão? Esse continua com promessas, discursos e a velha sensação de que “lei foi feita, mas não para todos”.
Não se trata apenas de números. Trata-se de prioridades. Em uma cidade onde faltam recursos em áreas essenciais, a pergunta que não quer calar é simples e incômoda: era isso mesmo que precisava agora? Ou melhor: precisava para quem?
O plenário respondeu com votos. As ruas respondem com indignação. Porque, no fim das contas, “quem decide não sente no bolso; quem sente no bolso não decide”.
Comentário do JP JORNAL O POPULAR
“Legalidade não é sinônimo de legitimidade social. Quando o aumento do salário político corre em ritmo de foguete e o do trabalhador anda a passo de tartaruga, o problema não é a lei — é a desconexão. O jornalismo tem o dever de registrar: o povo viu, sentiu e não esquece.”
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