O governo dos Estados Unidos apresentou uma proposta que pode mudar a forma como turistas de 42 países entram no país pelo sistema ESTA, que dispensa visto para estadias curtas. A partir da mudança, viajantes seriam obrigados a fornecer históricos de redes sociais dos últimos cinco anos, além de e-mails utilizados nos últimos dez anos e telefones antigos, hoje exigidos apenas de alguns solicitantes de visto.
A regra valeria para visitantes de nações como Alemanha, França, Reino Unido e Japão, que atualmente precisam apenas preencher um formulário online e pagar US$ 40 para obter autorização válida por dois anos. Dados inconsistentes poderão resultar em negação de entrada.
O documento divulgado pela Alfândega e Proteção de Fronteiras (CBP) também inclui nova exigência: turistas deverão informar nomes, endereços, datas de nascimento e telefones de pais, cônjuges, irmãos e filhos, referentes aos últimos cinco anos. As informações serão cruzadas com bases de segurança para avaliação de risco migratório.
A medida amplia práticas já aplicadas a estrangeiros de fora do ESTA — como brasileiros — que desde junho devem fornecer redes sociais ao solicitar visto.
A proposta foi publicada no Federal Register e agora passa por um período de 60 dias para revisão pública. Depois disso, poderá ser implementada pelo Departamento de Segurança Interna.
A iniciativa surge em meio ao endurecimento do discurso anti-imigração do governo Trump, que recentemente recomendou negar vistos inclusive a trabalhadores de tecnologia, moderadores de conteúdo e checadores de fatos. O país também apresentou projetos para limitar a permanência de jornalistas estrangeiros.
O setor de turismo vê a medida com preocupação: estimativas do World Travel & Tourism Council (WTTC) apontam queda de US$ 181 bilhões (2024) para menos de US$ 169 bilhões (2025) nos gastos de visitantes internacionais. Casos recentes de turistas detidos nos EUA têm causado repercussão negativa e levaram países como a Alemanha a emitir alertas mesmo para quem possui ESTA ou visto.
As mudanças ocorrem às vésperas de grandes eventos que devem atrair milhões de visitantes, como a Copa do Mundo de 2026 e os Jogos Olímpicos de 2028, em Los Angeles.
Comentário JP Jornal O Popular
“Com a nova proposta, os EUA sinalizam que a fronteira digital passa a pesar tanto quanto o passaporte. É um capítulo decisivo no endurecimento migratório que pode redefinir o fluxo turístico internacional.”
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