POLÊMICA EM OCAUÇU – O TAPETÃO QUE TROPEÇOU NA PRÓPRIA TRAMA
A cena política de Ocauçu viveu semanas de tensão e espetáculo, culminando na sessão de ontem, 12 de agosto, quando o desfecho veio à tona. O presidente da Câmara, Vinícius Menegucci, articulou a tentativa de abrir uma Comissão Processante (CP) para investigar e cassar o prefeito João Benedito Costa e Silva. O movimento vinha sendo anunciado como um ato decisivo, mas o resultado foi bem diferente do esperado.
Antes da votação, convites circularam por toda a cidade: “Sessão de votação do relatório final da CEI 001/2025 – possível abertura de Comissão Processante e cassação do prefeito”. O tom era de mobilização popular, com a promessa velada de um desfecho histórico. Nos bastidores, comentava-se que Vinícius Menegucci anunciava que afastaria o prefeito e assumiria seu lugar. Mesmo assim, apesar da divulgação, pouquíssimas pessoas compareceram à sessão — e a impressão foi de que se tentava vencer no tapetão.
Em fevereiro, os vereadores abriram uma CEI para investigar esses fatos. Porém, não obtiveram provas, finalizaram o relatório e encaminharam ao Ministério Público. Até o momento, o prefeito não foi intimado para se manifestar. Diante disso, o relator da CEI apresentou ontem seu relatório pedindo a abertura da CP sobre os mesmos fatos, para investigar novamente.
O JP Jornal O Popular acompanhou a sessão on-line e pôde perceber que, em diversos momentos, o presidente da Câmara tentava induzir o voto dos colegas. Quando a posição era contrária à dele, reagia de forma exaltada, gesticulando e levantando o tom — lembrando o ditado: “cão que muito late não morde”. Uma postura que, no final, não mudou o resultado.
As denúncias, amparadas em áudios de origem questionável e acusações de suposta “rachadinha”, perderam força diante de depoimentos contraditórios e lembranças seletivas. Não faltou a sensação de que tudo não passava de um movimento político, embalado pelo clima eleitoral.
Defesa aberta e elogios diretos
O vereador Marcílio Domingues não poupou elogios à gestão:
“A prefeitura está indo bem. Votaria várias vezes no Dito. É uma administração decente, redondinha. Nunca tivemos um governo que cuidasse tão bem do povo. Temos unidade de saúde com três médicos, bastante remédio, cidade bonita… só agradecer.”
A fala provocou desconforto em Menegucci, que tentou frear o discurso alegando que “não estava em discussão”. A reação soou como prova de que certas verdades são incômodas — principalmente para quem tenta emplacar uma narrativa contrária.
Presunção de inocência em pauta
O vereador Reginaldo da Rádio foi cirúrgico:
“O relatório segue a presunção de inocência, até pelos desencontros de quem participou dos áudios. Eles mesmos se sabotaram. Isso nos leva ao artigo 5º da Constituição: in dubio pro reo — na dúvida, absolva.”
Menegucci, porém, insistia em “julgar”, mesmo sem provas robustas — o que para colegas soou como tentativa de vencer “no tapetão”.
O veredito político
O placar foi claro:
- Contra a Comissão (falta de provas): Rafael Marzola, André Cebolão, Marcílio Domingues, Reginaldo da Rádio, José Mauro Colombo
- A favor: Vinícius Menegucci, Nayara Marzola, Adriana Oliveira, Rafael Coneglian (Relator)
O resultado expôs que a maioria não embarcou na cruzada política. A rachadura não foi na gestão municipal, mas na tentativa de instrumentalizar o Legislativo. Em Ocauçu, a lição foi clara: sem provas, a acusação perde a voz — e o eco de um “golpe político” mal planejado fica para a história.
📲 Comentário do JP Jornal O Popular: Em política, quem cava demais o buraco do outro pode acabar caindo dentro. Ocauçu viu de perto como a ânsia por desmoralizar adversários pode virar um bumerangue implacável.
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