Quem conhece o ditado “fé não se discute” sabe que a religião é território sagrado. Mas, em São Manuel (SP), uma celebração acabou virando caso de polícia e discussão em todo o estado. A Polícia Civil investiga a denúncia de que o padre João José Bezerra, convidado para celebrar na Paróquia Nossa Senhora Consolata, teria agredido uma mulher durante o que ele chamou de “exorcismo”.
O caso aconteceu na última quinta-feira (7), durante o terceiro dia da novena de São Miguel Arcanjo. Segundo o boletim de ocorrência, o padre abriu a missa avisando que era “exorcista”. Em certo momento, durante a passagem do Santíssimo, a mulher se deitou no chão dizendo ter “repousado no Espírito Santo”. Minutos depois, segundo ela, começou a “manifestar um espírito maligno” e entrou em estado de inconsciência.
A partir daí, o relato vira cena de filme — mas sem final feliz. A vítima afirma que o padre a agrediu com tapas, puxões de cabelo e até a arremessou contra um banco. Ela disse que pediu para que ele parasse, mas só foi socorrida quando fiéis intervieram.
O resultado? Hematomas no rosto, no couro cabeludo e no ombro direito, confirmados no laudo médico da Santa Casa de São Manuel.
Após o episódio, o padre deixou o local sem prestar explicações. A Arquidiocese de Botucatu informou que está custeando todas as despesas médicas da vítima, instaurou um procedimento interno, e afastou o religioso preventivamente. Também reforçou que nenhum sacerdote está autorizado a fazer exorcismos sem permissão expressa do bispo.
Enquanto as investigações continuam, o caso levanta um debate que mistura fé, limites e responsabilidade. Como diz outro ditado: “entre a cruz e a espada, a justiça precisa prevalecer”.
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Comentário do JP Jornal O Popular:
Neste caso, não estamos falando apenas de polêmica, mas de uma denúncia grave que mexe com a fé e a confiança da comunidade. É hora de separar a devoção da violência — e deixar que a verdade venha à luz, sem medo nem parcialidade.