O aguardado relatório da CPI das Pirâmides Financeiras foi publicado hoje, destacando a necessidade de indiciar Ronaldinho Gaúcho por estelionato, lavagem de dinheiro e gestão fraudulenta. Além disso, a comissão também solicitou o indiciamento dos proprietários da 123milhas pelos mesmos crimes e os acusou de operar como uma organização criminosa. A votação que aprovou o relatório foi unânime, durando menos de um minuto.
O Coaf já havia apontado fortes indícios de que a 123milhas atuava como um esquema Ponzi, reforçando a seriedade das acusações.
Caso Ronaldinho
Ronaldinho Gaúcho esteve no centro das investigações referentes à Ronaldinho 18k, um negócio envolvendo investimentos em criptomoedas. Sendo o rosto do empreendimento, ele prometia retornos exponenciais. A publicidade prometia lucros diários de 2% e uma rentabilidade total de 400%.
A CPI constatou que Ronaldinho envolveu seus seguidores em uma pirâmide financeira. Após investirem, os participantes perceberam que nunca receberiam os lucros prometidos e que seu capital estava em risco.
Ronaldinho alegou durante o depoimento que não tinha conhecimento da natureza do negócio e que não era sócio da Ronaldinho 18K, apesar do nome da empresa. Ele afirmou ter apenas assinado um contrato com uma empresa americana para licenciar sua imagem para uma linha de relógios.
A comissão discordou dessa versão e concluiu que o ex-jogador estava, de fato, envolvido no empreendimento, apontando vínculos formais entre ele e os sócios da Ronaldinho 18K.
Caso 123milhas
O relator da CPI, deputado Ricardo Silva, afirmou que o caso da 123milhas é um dos mais substanciais investigados pela comissão. Ele solicitou o indiciamento dos irmãos Ramiro e Augusto Madureira, sócios da agência online de viagens. A empresa refuta as acusações.
As suspeitas começaram quando a empresa anunciou em 18 de agosto que não honraria as passagens vendidas na modalidade promo, prejudicando 700 mil clientes. Os sócios alegaram que essa linha de promoções causou prejuízos que levaram à falência, justificativa contestada pelo relator.
O relatório aponta que a 123milhas já apresentava déficit antes mesmo da criação dessa modalidade. A venda de passagens a preços abaixo do mercado serviria para cobrir bilhetes vendidos anteriormente. Isso indicava uma falta de capital de giro e problemas financeiros preexistentes.
O relator conclui que se trata de uma pirâmide financeira, onde investidores antigos só recebiam “prêmios” com a entrada de novos clientes. A agressiva campanha de marketing transformou a 123milhas em um dos maiores anunciantes do Brasil, com bilhões em investimentos.
Além dos sócios, outras seis pessoas da diretoria da 123milhas foram alvo de pedido de indiciamento. A contabilização dos gastos com marketing como ativos, em vez de despesas, levanta suspeitas sobre a integridade dos resultados da empresa, conforme aponta o relatório.
Este caso serve como um alerta contundente sobre os perigos dos esquemas financeiros fraudulentos e reforça a necessidade de vigilância e regulação no setor.


