“Quem não sabe aonde quer chegar, qualquer ônibus serve” — já dizia o ditado popular. Mas, no caso do vereador Nardi, de 77 anos, a frase parece cair como uma luva para retratar sua trajetória recente. O político, que já foi sinônimo de credibilidade em Marília, hoje dá sinais de que perdeu o ponto e embarcou no coletivo errado da política local.
Da glória à contramão
No passado, Nardi trilhou caminhos respeitados: esteve ao lado do deputado Abelardo Camarinha, ocupou cargos de peso no poder público — vice-prefeito, presidente da Emdurb, do Daem e diretor da Sabesp. Sua biografia tinha consistência, recheada de realizações e proximidade com a população. Era visto como um articulador que sabia unir experiência e compromisso.
Porém, de alguns anos para cá, o tom mudou. O vereador tem se notabilizado mais pelos discursos raivosos do que pelas propostas. Nas sessões da Câmara, em vez de agregar, parece multiplicar divisões, criticando projetos importantes para a cidade com uma postura que destoa do papel de quem deveria zelar pelo coletivo.

O peso das escolhas
Bastidores políticos apontam que Nardi foi, supostamente, um dos articuladores da polêmica venda do Daem, avaliado por economistas em cerca de R$ 5 bilhões, mas vendido no governo de Daniel Alonso — considerado por muitos o pior prefeito da história recente de Marília — por apenas R$ 160 milhões, parcelados em 80 vezes. Uma transação que até hoje provoca indignação popular.
A aliança supostamente com o grupo de Alonso foi vista como um tiro no pé. Ao vincular sua história à gestão mal avaliada, Nardi deixou para trás parte do prestígio que conquistou em décadas de vida pública. Como diz o povo: “quem anda com porco, farelo come”.

Do respeito à dúvida
Hoje, o vereador que já foi referência de equilíbrio é visto por muitos como alguém que “pula de galho em galho”, mudando de lado conforme a conveniência. De credibilidade à descrença, Nardi parece estar escrevendo os últimos capítulos de sua carreira política em tom amargo, enterrando o respeito que construiu.
A política, no entanto, cobra coerência. E, no fim das contas, não se trata apenas de escolher o lado mais confortável, mas sim o lado do povo. Afinal, o verdadeiro compromisso de um vereador é com quem paga o preço das más escolhas: a população mariliense.
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Comentário JP Jornal O Popular:
O campo político é como uma estrada: quem não respeita o trajeto, corre o risco de perder o destino. E, pelo que tudo indica, Nardi já não está mais conduzindo sua própria história, mas sendo conduzido por alianças que mancham seu legado. Na política, cada escolha deixa marcas — e o povo não esquece.