O brasileiro anda preferindo o “Deus me ajude” ao atendimento médico. Uma pesquisa nacional acendeu o alerta: 62% dos adultos que precisaram de médico no último ano sequer buscaram atendimento. A pergunta que ecoa é simples: por quê?
A resposta é dura, mas conhecida: falta de estrutura, demora, filas quilométricas e burocracia até pra pegar senha. Quem nunca ouviu alguém dizer “vou esperar melhorar sozinho”, que atire o primeiro receituário.
O levantamento foi feito pela organização Umane, com apoio da Universidade Federal de Pelotas (RS), e escancara uma realidade: quase metade dos brasileiros desiste de procurar o sistema de saúde porque sabe o que vai encontrar do outro lado da porta.
Entre os motivos mais citados:
- Demora e superlotação: 46,9%
- Burocracia nos encaminhamentos: 39,2%
- Automedicação: 35,1%
- Achar que não era grave: 34,6%
E mesmo quem foi atrás de atendimento também enfrentou barreiras:
- 62% esperaram demais
- 34,4% encontraram unidades sem equipamentos
- 30,5% relataram falta de profissionais
Como diz o povo: “quem espera sempre cansa” — e, no caso da saúde pública, o cansaço virou desistência.
UPAs lotadas, demora pra ser atendido e exames que demoram meses são só a ponta do iceberg. A superintendente da Umane, Thaís Junqueira, foi direta: “Com gestão eficiente, dá pra ampliar a capacidade das unidades e fazer o paciente confiar que será atendido. Hoje, o brasileiro tem medo de buscar ajuda e sair com mais raiva do que entrou.”
Mas nem tudo é pedra no caminho. A pesquisa também mostrou que, quando o atendimento acontece, a avaliação da qualidade do SUS é positiva. Segundo Thaís, “é motivo de orgulho termos um sistema gratuito desse tamanho. Falta é fazer funcionar com dignidade e respeito.”
📢 Comentário do JP Jornal O Popular:
Saúde virou prova de resistência. O povo quer cuidado, não carimbo. E a verdade nua e crua é que o brasileiro está desistindo de ser atendido antes mesmo de tentar. Não é o povo que precisa ter mais paciência — é o sistema que precisa ter mais compromisso.
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