No Brasil, onde Páscoa sempre foi sinônimo de fartura e chocolate na mesa, o coelhinho chegou este ano com a cesta vazia. A crise no setor do cacau e o aperto no bolso do consumidor mudaram completamente o cenário de 2025: a venda de ovos de Páscoa caiu 12%, e o tradicional chocolate virou produto que muita gente só olhou de longe. Como diz o povo, “quando o dinheiro some, até o doce amarga”.
O tombo nas prateleiras Segundo a Euromonitor International, a projeção para este ano é de 7.320 toneladas de chocolates sazonais vendidas no Brasil, contra 8.320 em 2024. Essa é a primeira queda desde 2021, ainda em tempos de pandemia. E a razão é clara como embalagem transparente: o preço disparou.
Cacau nas alturas, preço nas nuvens A cotação do cacau no mercado internacional subiu tanto que parecia querer alcançar o céu. Resultado? Os chocolates em barra e bombons encareceram 21,7% em 12 meses, segundo o IBGE. E como diz o ditado, “não dá pra tirar leite de pedra” — o consumidor, já sufocado pela inflação, trocou o luxo do ovo de Páscoa por alternativas mais baratas ou simplesmente passou a vez.
Indústria encolhe produção e aposta na criatividade Com os custos de produção nas alturas, a indústria reduziu em 22,5% a fabricação de ovos, que exigem mais chocolate, embalagem especial e logística refrigerada. Ao invés disso, surgiram mais barras presenteáveis, bombons gourmet, miniaturas e kits criativos. O número de itens no mercado saltou de 611 para 803, segundo a Abicab. Teve até campanha na TV da Hershey’s e lançamentos da Ferrero voltados às classes média e alta.
Mudança no comportamento: consumidor migra, adapta e parcela Diante da disparada nos preços, o consumidor brasileiro — aquele mesmo que “faz milagre com o que tem” — buscou novos caminhos. Os bombons dominaram 44% das vendas, os tabletes subiram pra 31% e os ovos… ficaram com apenas 1,4% em volume nas duas semanas que antecederam a Páscoa.
E quem comprou, preferiu parcelar: 30% das compras de Páscoa foram feitas no crediário, com até 10 vezes nas grandes redes, como Carrefour e Americanas.
Alta nos preços x leve crescimento em valor Mesmo com o tombo nas unidades vendidas, o faturamento cresceu, puxado pelos preços mais altos. O Carrefour, por exemplo, estima crescimento entre 1% e 3% em volume, mas alta de dois dígitos em valor. É o famoso “vende menos, mas fatura mais” — às custas do consumidor que paga mais por menos.
Brasil ainda gigante no mercado, mas com bolso apertado O Brasil segue sendo o 5º maior consumidor de chocolate do mundo, atrás apenas de EUA, Rússia, Alemanha e Reino Unido. A projeção é de 385 mil toneladas consumidas em 2025, um crescimento de 3%. Mas em valor, o salto é ainda maior: R$ 36,7 bilhões, ou 26% a mais que no ano anterior.
Inflação e orçamento limitado travam o crescimento Especialistas apontam que o consumo está “andando de lado”, travado por uma inflação persistente sobre uma base que já era alta. O orçamento das famílias continua espremido, mesmo com melhora no mercado de trabalho. O recuo da cesta de Páscoa no varejo foi de 1,4%, segundo a CNC — puxado principalmente pela alta histórica do chocolate.
Mix inteligente, consumo consciente A lógica do consumidor mudou. A famosa estratégia do “high-low” apareceu com força: quem não consegue pagar pelo produto médio, vai para o mais barato. E uma parte menor, com mais fôlego, pula direto pro premium. Como diz o velho deitado… “quem não pode com o pote, nem entra na cozinha — mas quem pode, quer qualidade”.
E o futuro? Os contratos futuros de cacau vencem em 2025, e os analistas já preveem que os preços devem subir ainda mais em 2026. Ou seja, o chocolate tende a ficar mais raro e mais caro nas prateleiras brasileiras. A indústria promete se adaptar, mas o desafio está só começando.
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🗣️ Comentário do JP JORNAL O POPULAR: “O brasileiro não perde a fé nem na crise — só adapta o cardápio. A Páscoa de 2025 veio com menos ovos, mais barras, e muita criatividade. O chocolate subiu, mas o povo continua firme, achando jeitinho de manter a tradição. Que venha um 2026 mais doce e, se possível, mais barato. Porque como diz a sabedoria popular: se o coelho sumiu, a esperança ainda tá no ninho!”