Café com Saudade: Mãe transforma dor da perda do filho em apoio ao luto gestacional e neonatal
O coração de uma mãe carrega sonhos, mas também aprende a conviver com a saudade. Juliana Freitas, nutricionista de Marília (SP), sempre sonhou com a maternidade, mas viu sua história tomar um rumo inesperado ao descobrir que seu filho, Gabriel, tinha uma doença genética rara, incompatível com a vida. Depois de 38 semanas de gestação e de um parto cheio de emoção, ela teve apenas 18 minutos ao lado do pequeno, tempo curto para alguns, mas eterno para quem ama.
Com o coração apertado, mas com a missão de acolher outras mães que enfrentam a dor da perda, Juliana criou o projeto “Café com Saudade”, um espaço de apoio e escuta para quem vive o luto gestacional e neonatal. “Muitas vezes, não se acha espaço para falarmos sobre nossos filhos. Mas eles existiram, são nossos filhos, e falar sobre eles nos cura”, compartilha Juliana, que não deixou a tristeza roubar sua força. Como diz o ditado, “quem divide a dor, carrega metade do peso”.
O projeto conta também com a terapeuta ocupacional e educadora perinatal Suelen Gama e a ginecologista e obstetra Amanda Pelosi. O primeiro encontro presencial está marcado para este sábado (22) e será realizado a cada dois meses, enquanto encontros online acontecerão mensalmente. A ideia é abrir um espaço seguro para que mães compartilhem suas experiências e encontrem conforto umas nas outras.
Uma gestão de amor e um luto cheio de esperança
Juliana descobriu a gravidez em março do ano passado e, com 12 semanas, veio o primeiro baque: a suspeita de um diagnóstico que tornaria a vida do filho inviável. Mesmo assim, ela e o marido, Rafael, decidiram viver cada momento ao lado de Gabriel, aproveitando o tempo juntos, sabendo que seria curto. Mas como diz o povo, “enquanto há vida, há esperança”.
A previsão era de que Gabriel nascesse sem vida ou prematuro, mas ele contrariou todas as expectativas e veio ao mundo com 38 semanas, mexendo-se no ventre da mãe e mostrando que o amor supera qualquer prognóstico. “Ter meu filho nos braços foi o maior presente que Deus poderia me dar”, conta Juliana.
A dór da perda foi avassaladora, mas a fé e a esperança deram forças para seguir. “Dói, e dói muito. Mas saber que Gabriel está ao lado de Deus me traz paz”, diz a mãe, que encontrou no projeto uma forma de ressignificar a sua dor.
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Rede de apoio para transformar a dor em acolhimento
Depois de compartilhar sua história nas redes sociais, Juliana percebeu que muitas mulheres passavam pela mesma dor, mas sofriam em silêncio. O luto gestacional e neonatal é um tema pouco falado e, muitas vezes, invalidado pela sociedade. “Ouvi relatos de mães que escutaram frases como ‘você pode ter outro filho’ ou ‘foi melhor assim’. Mas ninguém entende que a dor não é só pela perda, é pelo sonho que não se realizou”, desabafa.
No “Café com Saudade”, essas histórias têm espaço para serem compartilhadas sem julgamento. “Aqui, ninguém está sozinho. É um local de escuta ativa, afeto e acolhimento”, explica Juliana. E se tem algo que cura, além do tempo, é a empatia.
Como participar
O primeiro encontro presencial será neste sábado (22), das 15h às 17h, na clínica Ostera, localizada na Rua Júlio de Mesquita, 866, em Marília (SP). Interessados podem entrar em contato pelo WhatsApp (14) 99838-8659 ou acompanhar as novidades pelo Instagram @nutrijufreitas.
JP Jornal O Popular comenta:
No mundo de hoje, onde a pressa engole as emoções, projetos como o “Café com Saudade” são um respiro para quem precisa de acolhimento. O luto materno é um tema delicado e muitas vezes silenciado, mas a história de Juliana Freitas mostra que é possível transformar a dor em amparo. Afinal, como diz o velho ditado, “quem planta amor, colhe esperança”.
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