Justiça mantém absolvição de PMs acusados de tortura e morte de adolescente em Bauru
No fim de 2007, a tragédia que vitimou o jovem Carlos Rodrigues Júnior, de apenas 15 anos, chocou Bauru e o estado de São Paulo. Suspeito de roubar uma moto, ele foi encontrado em casa por policiais militares e, segundo o laudo do Instituto Médico Legal (IML), submetido a choques elétricos que resultaram em 31 lesões no corpo. A causa da morte? Uma parada cardiorrespiratória, segundo os peritos.
Nesta terça-feira (17), o Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP) manteve a absolvição dos policiais acusados pelo crime. O caso, que parecia ter tomado novos rumos após um recurso do Ministério Público, foi encerrado com a negativa do tribunal em reverter a decisão anterior. Para os juízes, prevaleceu o entendimento de que faltavam provas suficientes para condenar os réus, reafirmando a absolvição no Tribunal do Júri de Bauru, em 2023.
Os policiais militares Roger Marcel Vitiver Soares de Souza, Emerson Ferreira, Juliano Arcangelo Bonini e Maurício Augusto Delasta foram absolvidos por negativa de autoria. A decisão foi respaldada pela juíza Érica Marcelina Cruz, da 1ª Vara Criminal de Bauru, e confirmada por maioria de votos no TJ-SP.
Os detalhes do caso
Na fatídica noite, seis policiais entraram na casa da família de Carlos Rodrigues Júnior, no bairro Mary Dota, à procura de uma moto roubada. A denúncia do Ministério Público afirma que o adolescente foi imobilizado, algemado e submetido a sessões de choques elétricos para confessar o roubo e revelar a localização da arma usada no crime.
Carlos morreu horas depois, no Pronto-Socorro Central. O laudo do IML confirmou a tortura: mais de 30 lesões resultantes das descargas elétricas. O episódio resultou na prisão dos cinco policiais envolvidos, que posteriormente passaram a responder em liberdade.
Entre os acusados, um deles, Gerson Gonzaga, teve seu processo desmembrado e foi absolvido ainda em 2018. A denúncia de homicídio qualificado e tortura contra ele não avançou, e a justiça entendeu que ele não teve envolvimento direto no caso.
Justiça ou injustiça?
A decisão do TJ-SP é mais um capítulo de uma novela jurídica que se arrasta há quase duas décadas. Para os familiares da vítima e organizações de direitos humanos, a sentença é um duro golpe na busca por justiça. Já para os réus, a absolvição representa o fim de um pesadelo e a confirmação de sua inocência.
“Água mole em pedra dura tanto bate até que fura, mas neste caso, a pedra foi mais dura que a esperança da família em ver justiça sendo feita”, comentou um morador que acompanhou o caso desde o início.
Um caso que não será esquecido
O episódio de 2007 entra para a história como mais um emblemático na relação tensa entre as forças de segurança e a sociedade. Independentemente das decisões judiciais, a memória de Carlos Rodrigues Júnior continua como um alerta para a importância do respeito aos direitos humanos e da aplicação rigorosa da lei.
🔎 JP Jornal O Popular: “Quando a justiça é posta à prova, cabe à sociedade refletir. A absolvição pode encerrar um caso, mas jamais apagará as marcas deixadas no coração de quem perdeu um ente querido. 📲 Participe do nosso canal no WhatsApp: 014997973003.”