O vereador Luis Antônio Ramos (Republicanos), de Bofete (SP), condenado em primeira instância por tentativa de abuso sexual contra uma adolescente de 16 anos, protagonizou mais um momento de controvérsia durante a sessão ordinária na Câmara Municipal, na última segunda-feira (2). Durante o momento de explicação pessoal, no qual cada parlamentar tem cinco minutos para justificar suas ações, Ramos fez declarações machistas ao rebater a nota de repúdio apresentada pelo colega vereador Israel Mariano, conhecido como Zecão.
Zecão levou a pauta da condenação ao plenário em respeito às mulheres da cidade, especialmente às suas filhas e netas, destacando que era necessário dar respostas à população diante do grave crime pelo qual Luis Antônio foi condenado. “A gente precisa ter respeito com as mulheres, com as famílias da nossa cidade”, destacou Zecão em sua fala, em tom indignado.
Ramos, no entanto, reagiu com uma justificativa que gerou ainda mais revolta. Ele afirmou: “O Zecão falou muito bem. Mas as suas filhas não estavam, às 23h, bebendo e fumando em um bar. É assim que funciona, a gente tem que ver os dois lados da moeda”. A fala do vereador, que tenta culpar a vítima por sua própria conduta, trouxe à tona o velho ditado: “Quem com ferro fere, com ferro será ferido”. Ramos não apenas justificou suas atitudes criminosas, mas também buscou diminuir a gravidade do ocorrido, jogando a responsabilidade sobre a vítima.
Condenação e tentativa de intimidação
O crime ocorreu em novembro de 2021, em um bar no Centro de Bofete. Naquela ocasião, Luis Antônio Ramos teria tocado as partes íntimas da adolescente e tentado beijá-la à força no banheiro do estabelecimento. A jovem, que na época tinha 16 anos, gritou por socorro, e uma amiga conseguiu afastar o vereador do local. A situação, que já era grave, piorou na manhã seguinte, quando Ramos procurou a mãe da vítima em seu local de trabalho, admitiu o crime e pediu que não fosse feita uma denúncia formal, alegando que estava sob efeito de álcool.
A condenação do vereador foi publicada nesta semana, com a sentença de oito anos de prisão em regime fechado, embora ele ainda possa recorrer em liberdade. O caso foi amplamente repudiado pela população de Bofete, e o posicionamento machista do vereador durante a sessão ordinária reforçou o clima de indignação. Ramos alega ser “vítima de perseguição política e falsas acusações”, mas a decisão da Justiça, baseada em depoimentos e evidências, expõe o contrário.
Repercussão na Câmara e na sociedade
O episódio reacendeu o debate sobre o papel dos representantes políticos e o respeito à dignidade das mulheres. “Não podemos permitir que uma pessoa condenada por um crime tão sério permaneça ocupando uma cadeira nesta casa”, ressaltou Zecão, que fez questão de se posicionar veementemente contra a atitude do colega. O vereador expressou sua solidariedade à vítima e pediu que o caso sirva de exemplo para combater o machismo estrutural.
Enquanto o processo judicial segue, o comportamento de Ramos reforça o ditado: “O que se faz aqui, se paga ali”. Sua tentativa de justificar o injustificável apenas agrava sua situação diante da opinião pública. A condenação já foi dada, e agora a Câmara de Bofete e a população aguardam que a Justiça se faça cumprir de forma plena.
A situação de Luis Antônio Ramos serve de alerta para que a sociedade continue vigilante e não aceite desculpas que busquem inverter a culpa de crimes graves, como o que ele cometeu. Afinal, como diz outro velho ditado: “A justiça tarda, mas não falha”.