Na próxima quarta-feira (21), o Fórum de Marília será palco de um dos julgamentos mais aguardados dos últimos tempos. A partir das 9h30, Claudinei Araújo da Silva, um autônomo que se viu envolvido em uma tragédia, vai encarar novamente o banco dos réus. Ele é acusado do assassinato de Raul Abreu Bittencourt, um crime que abalou a pequena cidade de Vera Cruz, há quase 12 anos, em outubro de 2012.
O que era para ser uma madrugada tranquila, se transformou em um pesadelo que marcou para sempre a vida de Silva. Segundo o Ministério Público, tudo começou na rua General Osório, no centro de Vera Cruz, por volta das 2h30 do dia 20 de outubro. Claudinei estava dentro de seu carro, acompanhado da namorada, quando Raul Bittencourt, a vítima, o obrigou a descer do veículo. A situação rapidamente escalou, e Raul, aparentemente enfurecido, teria desferido chutes contra Silva. Sentindo-se ameaçado, o autônomo não viu outra saída senão se defender. Armado com um canivete, ele desferiu um golpe fatal em Bittencourt, que não resistiu e morreu ali mesmo.
Em março de 2018, Claudinei já havia enfrentado a justiça por esse crime. Na ocasião, ele foi condenado a oito anos de prisão em regime fechado. No entanto, a defesa não se deu por vencida e recorreu da decisão no Tribunal de Justiça de São Paulo. E, surpreendentemente, o TJ anulou o júri popular e determinou que um novo julgamento fosse realizado.
Agora, Silva, que permanece preso, será julgado novamente, acusado de homicídio simples. Se condenado, ele pode pegar até 20 anos de prisão em regime fechado.
Esse julgamento promete reacender velhas feridas e trazer à tona a delicada linha que separa a legítima defesa de um crime que, para muitos, jamais deveria ter acontecido. No entanto, a justiça será chamada a decidir, mais uma vez, o destino de Claudinei Araújo da Silva, um homem que, em uma noite fatídica, tomou uma decisão que mudou para sempre o curso de sua vida.