Centro-Oeste Paulista Tem Quatro Cidades Entre os 300 Municípios do País com Maiores Taxas de Homicídio, Diz Ipea

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Assis, Bauru, Ourinhos e Marília (SP) se destacam negativamente no Atlas da Violência 2024

A região do centro-oeste paulista abriga quatro cidades listadas entre os 300 municípios mais violentos do Brasil, segundo o Atlas da Violência 2024, publicado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). Assis, Bauru, Ourinhos e Marília ocupam as 252ª, 271ª, 284ª e 301ª posições, respectivamente, quando consideradas as taxas de homicídio por 100 mil habitantes. O estudo abrange os assassinatos registrados em 2022 e inclui também os “homicídios ocultos”, ou seja, mortes violentas de causa indeterminada documentadas pelo Ministério da Saúde.

Além dessas quatro cidades, o ranking, divulgado na terça-feira (18), inclui também Jaú (310ª posição) e Botucatu (317ª). Assis, com uma população de 101.409 habitantes, registrou 11 homicídios em 2022, resultando em uma taxa de 10,8 mortes violentas por 100 mil habitantes.

Bauru, a maior cidade da região, com 379.146 habitantes, teve 29 assassinatos e 7 homicídios ocultos, somando 36 homicídios estimados. Isso representa uma taxa de 9,5 mortes violentas por 100 mil moradores. Ourinhos, por sua vez, registrou 7 homicídios e 1 oculto, totalizando 8 homicídios estimados. Com uma população de 103.970, a taxa foi de 7,7 mortes violentas por 100 mil habitantes.

Na comparação regional, Assis está entre as 100 cidades mais violentas do sudeste, ocupando a 96ª colocação, enquanto Bauru e Ourinhos estão nas 111ª e 122ª posições, respectivamente. Apesar desses números, o estado de São Paulo apresentou a menor taxa de homicídios estimados na região sudeste, com 9,4 mortes por 100 mil habitantes em 2022. Dos 645 municípios paulistas, 237 não registraram homicídios estimados, e 152 apresentaram taxas inferiores a 10,0.

Subnotificações e Violência em Pequenos Municípios

Embora São Paulo tenha a menor taxa de homicídios da região sudeste, o estado é responsável por 40% das subnotificações, segundo o estudo. Samira Bueno, do Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP), atribui isso à precarização dos dados de atestado de óbito, que não estariam sendo devidamente identificados por médicos.

A cidade de Lutécia, no centro-oeste paulista, com uma população de apenas 2.666 pessoas, registrou uma taxa alarmante de homicídios de 75,2 por 100 mil habitantes. Em 2022, foram contabilizados oito homicídios no município, uma quantidade suficiente para elevar significativamente a taxa devido à pequena população.

Comparação Nacional e Regional

O Atlas da Violência destaca que as regiões Norte e Nordeste do Brasil são as mais violentas, com taxas de homicídio acima de 46,9 por 100 mil habitantes em estados como Amapá, Amazonas e Roraima, e na Bahia. Dos 10 municípios brasileiros com as maiores taxas de homicídios em 2022, sete estão na Bahia, com Santo Antônio de Jesus liderando o ranking com 94,1 homicídios por 100 mil habitantes.

Disparidade Racial

O estudo também revela uma disparidade racial significativa nas vítimas de homicídios. Em 2022, 35.531 homicídios foram cometidos contra pessoas negras, representando 76,5% do total. A taxa de homicídios entre negros é de 29,7 por 100 mil habitantes, comparada a 10,8 por 100 mil entre não negros. Isso significa que, para cada pessoa não negra assassinada no Brasil, 2,8 pessoas negras são mortas.

Redução Geral dos Homicídios

Em termos gerais, o Brasil registrou 46.409 homicídios em 2022, uma redução de 3% em relação a 2021. A taxa nacional de homicídios foi de 21,7 por 100 mil habitantes, igualando 2019 com a menor taxa desde 2012, quando o índice era de 28,9 por 100 mil habitantes.


Esses dados alarmantes ressaltam a necessidade de políticas públicas eficazes para a redução da violência e a melhoria na coleta e análise de dados para refletir a realidade e orientar as ações governamentais.

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