Em uma entrevista franca ao JP Jornal O Popular, o renomado engenheiro Roberto Monteiro, ex-vereador e voz ativa da comunidade, não poupou críticas ao prefeito Daniel Alonso e seus aliados políticos. O estopim para a indignação, segundo Monteiro, foi a recente aprovação, em meio à crise, do aumento salarial para o prefeito, secretários municipais e demais apadrinhados políticos.
A partir de agora, o salário do prefeito Daniel Alonso (PL) alcança a exorbitante quantia de R$ 24.369,40, enquanto o vice-prefeito, Cícero do Ceasa (PT), receberá R$ 12.184,70. Enquanto isso, os secretários municipais passam a ganhar R$ 13.292,40. Uma disparidade alarmante que evidencia a profunda desigualdade social dentro da Prefeitura de Marília.
“Desigualdade social é a diferença econômica que existe entre determinados grupos de pessoas dentro de uma mesma sociedade”, pontua Monteiro. No entanto, a igualdade social permanece uma utopia, uma vez que a natureza humana é intrinsecamente diversa. O poeta Carlos Drummond de Andrade definiu magistralmente essa questão, dizendo: “O ser humano é um estranho ímpar”.
O Brasil, infelizmente, figura entre os dez países mais desiguais do mundo, e o foco não é erradicar, mas sim reduzir essa disparidade. Segundo dados da FGV Social, sete das dez atividades mais bem remuneradas no Brasil estão no setor público, principalmente no executivo, legislativo e judiciário.
A discrepância salarial dentro da Prefeitura Municipal de Marília é chocante. Enquanto servidores da base da pirâmide, como agentes operacionais, merendeiras e garis, recebem cerca de R$ 1.700,00, no topo da pirâmide encontramos os verdadeiros “marajás”:
- Valquíria Galo Febrônio Alves, advogada e corregedora municipal, viu seu salário aumentar de R$ 7.862,11 em janeiro de 2017 para R$ 32.309,64 em fevereiro de 2024.
- José Antônio de Almeida, arquiteto e secretário de planejamento urbano, passou de R$ 14.840,70 em janeiro de 2017 para R$ 29.224,57 em fevereiro de 2024.
- Ricardo Sevilha Mustafá, procurador comissionado, teve seu salário elevado de R$ 7.950,34 em janeiro de 2017 para R$ 32.071,11 em fevereiro de 2024.
Enquanto o prefeito Daniel Alonso opta por multiplicar os salários dos funcionários de alto escalão da prefeitura, Monteiro destaca que, ao contrário, Jesus multiplicou uma pequena quantidade de pães e peixes para alimentar uma grande multidão, demonstrando seu poder divino e sua preocupação com as necessidades das pessoas. Uma compaixão que parece estar ausente na gestão atual, onde os trabalhadores mais humildes continuam a receber salários que mal cobrem suas necessidades básicas.