A Corregedoria Geral do Município de Marília (SP) decidiu punir uma professora de uma Escola Municipal de Educação Infantil (Emei) que trouxe à tona a falta de materiais essenciais no ambiente escolar durante a pandemia. A decisão, publicada no Diário Oficial do Município nesta terça-feira (5), gerou controvérsias.
Uma sindicância foi aberta para investigar a questão ocorrida em 2020, no auge da pandemia de Covid-19. Segundo o documento, a professora apontou a ausência de sabonete líquido e fraldas para as crianças, além de criticar o prefeito Daniel Alonso (sem partido).
Na justificativa, a corregedora Valquíria Galo Febrônio Alves alegou que a docente fez “comentários generalizados e desmerecedores às escolas, de forma geral”, e não foi “leal às instituições a que servir”, caracterizando uma “infração disciplinar”.
“A professora, além de denegrir a imagem da própria escola onde exercia suas funções, fez referência às escolas municipais sem distinção ou critérios, desmerecendo de maneira generalizada o trabalho e o cuidado de toda a rede de ensino municipal”, afirma a decisão.
Durante a investigação, a diretora da Emei confirmou que a escola de fato enfrentou falta de sabonete líquido, e as fraldas eram fornecidas pelos pais. No entanto, a corregedora argumentou que a denúncia deveria ter sido feita através de canais internos, não em redes sociais.
Apesar da advertência, a professora teve aspectos favoráveis considerados, como seu histórico funcional anterior e o arrependimento demonstrado. A corregedoria sugeriu que o secretário municipal da Educação, Helter Bochi, possa revisar a punição conforme necessário.
Alan Teixeira, diretor do JP Jornal O Popular, criticou veementemente a postura do prefeito Daniel Alonso e da Corregedoria do Município de Marília em relação à punição aplicada à professora que expôs a falta de materiais nas escolas durante a pandemia. Em suas declarações, Teixeira destacou a arbitrariedade do processo disciplinar e a forma como a liberdade de expressão foi cerceada.
Segundo Teixeira, a atitude da Corregedoria e do prefeito reflete um retrocesso democrático preocupante, que desencoraja a transparência e a denúncia de irregularidades por parte dos servidores públicos. Ao invés de lidar com as questões levantadas pela professora de forma transparente e construtiva, optaram por retaliá-la, demonstrando uma clara falta de compromisso com a ética e a integridade no serviço público.
O diretor do JP Jornal O Popular ressaltou ainda a importância do papel da imprensa em fiscalizar e denunciar eventuais abusos de poder, e expressou sua solidariedade à professora punida. Ele concluiu suas críticas destacando a necessidade de uma revisão urgente dessa decisão, a fim de garantir que a liberdade de expressão e o direito à informação sejam preservados em Marília.