A dívida da Prefeitura de Marília atingiu um alarmante patamar de R$ 1,3 bilhão, conforme revelado pelos dados do Sistema de Análise da Dívida Pública, Operações de Crédito e Garantias da União, Estados e Municípios (Sadipem), vinculado à Secretaria do Tesouro Nacional (STN). O montante representa quase a totalidade do orçamento previsto para 2024, estimado em R$ 1,6 bilhão.
Ao longo dos últimos anos, a dívida municipal teve um crescimento impressionante, saindo de R$ 162,2 milhões no início da gestão do prefeito Daniel Alonso (sem partido) para os atuais R$ 1,3 bilhão, um aumento de 706%. Esse aumento substancial levanta sérias preocupações sobre a capacidade do município de honrar seus compromissos e manter os serviços públicos.
Os dados do Sadipem revelam que a dívida era de R$ 166,1 milhões em 2014, experimentando variações ao longo dos anos. No entanto, desde o início do mandato de Daniel Alonso, em 2017, houve um aumento significativo. Em 2023, a dívida consolidou-se em R$ 1,3 bilhão, representando um acréscimo de 3,88% em relação ao ano anterior.
A dívida consolidada, considerada de longo prazo, totaliza R$ 757,6 milhões e é composta por diversos empréstimos, sendo parte significativa destinada ao Instituto de Previdência do Município de Marília (Ipremm), cujo montante chega a R$ 557,4 milhões. Além disso, a Prefeitura deve parcelas de empréstimos destinados a obras e investimentos em infraestrutura, totalizando R$ 41 milhões.
A situação se agrava com a existência de dívidas flutuantes, que somam R$ 550,3 milhões e devem ser quitadas em menos de um ano. Entre essas dívidas, estão precatórios, restos a pagar diversos e não processados, e um expressivo passivo atuarial, relacionado a obrigações previdenciárias futuras, atingindo R$ 542 milhões.
A atual conjuntura coloca em xeque a capacidade de investimentos da Prefeitura de Marília, impactando diretamente na prestação de serviços à população. O economista Renan Pieri, da Fundação Getúlio Vargas (FGV), alerta que um município endividado pode enfrentar cortes de gastos, especialmente em investimentos, resultando na precarização dos serviços públicos.
Diante desse cenário preocupante, a população demonstra desaprovação à gestão de Daniel Alonso, com 81% dos moradores de Marília descontentes com a administração. A situação agora está nas mãos do Ministério Público e da Polícia Federal para investigar e cumprir seu papel diante das complexidades envolvendo a dívida municipal.