As ações da Vale (VALE3) apresentaram queda de 2,20% em uma sessão marcada por notícias de uma condenação bilionária e tensões com o governo. Este cenário ocorre em meio aos cinco anos da tragédia de Brumadinho, que aumentaram o receio de possíveis retaliações.
Os papéis encerraram o dia a R$ 68,36, mesmo com o minério de ferro em Dalian registrando um aumento de 1,6%. As perdas nas ações foram intensificadas por volta das 15h30, quando surgiu a notícia de que a Justiça Federal havia condenado a Vale, juntamente com a BHP e a Samarco, a pagar R$ 47,6 bilhões como indenização por danos morais coletivos decorrentes do rompimento da barragem de Fundão em Mariana, Minas Gerais, em 2015.
Apesar de a Vale e a BHP afirmarem que ainda não foram notificadas da decisão, as ações já estavam em queda, atingindo uma redução de 3,63% a R$ 67,36 durante a tarde.
Além desse revés, os investidores estavam reagindo às recentes declarações do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e preocupados com a sucessão na liderança da mineradora. Lula destacou a tragédia de Brumadinho em um post no X (antigo Twitter), criticando a falta de ações reparadoras por parte da Vale.
A discussão sobre a sucessão na Vale também pesou no mercado, com a possível indicação de Guido Mantega, ex-ministro da Fazenda, para a presidência da empresa. O presidente atual, Eduardo Bartolomeo, tem contrato até 31 de maio, e há especulações sobre a nomeação de Mantega.
Analistas minimizam a probabilidade de Mantega assumir a presidência da Vale, sugerindo que ele pode ocupar uma cadeira no Conselho. No entanto, há receios de uma possível interferência política nos assuntos da empresa, o que poderia afetar sua dinâmica operacional.
A presidente do PT, Gleisi Hoffmann, defendeu a indicação de Mantega para o Conselho, enfatizando sua qualificação e considerando a Vale como uma empresa estratégica para o país.
Enrico Cozzolino, da Levante, observa que essa situação sugere uma possível interferência política, mas ressalta a baixa probabilidade de os acionistas da Vale aceitarem Mantega como presidente. O risco, no entanto, está relacionado à utilização de poderes governamentais, como licenças ambientais e tributação, para influenciar a empresa.