O Itaú BBA realizou reuniões com mais de 100 investidores institucionais em diferentes continentes e destacou, em um relatório sobre o roadshow, que o “Brasil parece estar overweight (exposição superior à média no mercado, similar à compra) para os estrangeiros” em relação aos mercados emergentes. Nas discussões com investidores na América do Norte, Europa e América Latina, o Brasil se destaca como a escolha principal para alocação de recursos.
A equipe de estratégia da divisão de análise do banco observou que o Brasil possui o maior Retorno sobre Patrimônio (ROE), estimado em 18% para 2024, entre os países emergentes, surpreendendo tanto investidores locais quanto internacionais.
O relatório destaca a expectativa de que o ciclo de lucros do Brasil em 2024 supere os números reais de 2023, com uma estimativa de aumento de 13% no lucro por ação (EPS, na sigla em inglês). O otimismo dos investidores estrangeiros parece ser mais pronunciado em comparação com os investidores locais.
Três ativos/setores são praticamente consenso em todas as regiões abordadas: Mercado Livre (MELI34), bancos e Localiza (RENT3). Apesar de ser uma empresa internacional (da Argentina, com ações negociadas na Nasdaq), o MELI34 tem uma grande exposição ao mercado brasileiro.
Quanto aos temas discutidos nas reuniões, as empresas cíclicas domésticas, que tendem a se beneficiar da queda dos juros em 2024, foram destacadas. O BBA ressaltou que a Localiza (RENT3) foi a ação que mais atraiu interesse e questionamentos.
O setor de consumo também tem atraído atenção, e embora não haja um nome preferido, perguntas sobre a Lojas Renner (LREN3) estiveram presentes em quase todas as reuniões. O BBA mencionou a Vivara (VIVA3) como uma escolha preferida gradualmente ganhando destaque. No segmento de commodities, a Vale (VALE3) continua sendo o principal interesse, com o petróleo sendo percebido de forma positiva e papel & celulose sem grande destaque.
O relatório destaca que o setor financeiro foi destacado tanto por investidores locais quanto estrangeiros, e o BBA considera que as ações bancárias são uma das formas preferidas de ingresso nos mercados domésticos.
Algumas áreas que geraram discordância entre estrangeiros e locais foram utilities, consideradas mais complexas para acompanhamento pelos estrangeiros devido aos riscos regulatórios no Brasil. Para os investidores locais, a regulação não é um problema, e nomes do setor compõem mais de 20% do portfólio.
Quanto à saúde, tradicionalmente bem vista por investidores estrangeiros, não despertou grande interesse, devido a preocupações mais recentes com execução e ciclo. Entre os locais, Hapvida (HAPV3) foi o nome que atraiu mais interesse, enquanto entre os estrangeiros, a Rede D’Or (RDOR3) se destacou no setor.
O relatório também observou que as small caps não foram consideradas atraentes pelos investidores estrangeiros, apontando a liquidez como um desafio para eles, enquanto os investidores locais geralmente têm exposição a esse segmento.
O mapa de preferências dos investidores em cada região, apresentado pelo BBA, destaca que as escolhas variam em diferentes partes do mundo, com Mercado Livre, Localiza e bancos sendo preferidos na América do Norte, e Mercado Livre, WEG e Raia Drogasil no consenso na Europa. No Brasil, as preferências foram divididas entre Rio e São Paulo, com diferentes setores e empresas em destaque em cada região.