Após um ano dos eventos que resultaram na invasão às sedes dos Três Poderes em Brasília, a esmagadora maioria dos eleitores brasileiros continua desaprovando o episódio ocorrido em 8 de janeiro de 2022, conforme aponta uma pesquisa da Genial/Quaest divulgada no domingo (7).
Segundo o levantamento, 89% dos entrevistados expressaram repúdio às cenas observadas naquela data. Embora esse número seja ligeiramente menor do que o registrado em fevereiro do ano anterior (94%), ainda durante os acontecimentos, a oscilação se manteve dentro da margem de erro de 2,2 pontos percentuais. Desde então, o percentual de eleitores que afirmam aprovar as invasões oscilou de 4% para 6%.
De acordo com a pesquisa, a aprovação aos atos é mais significativa entre os eleitores da região Sul (9%), com renda familiar mensal de até 2 salários mínimos (7%), votantes de Jair Bolsonaro (PL) nas últimas eleições presidenciais (11%), e aqueles que avaliam negativamente o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) (13%). Por outro lado, a desaprovação é mais pronunciada entre os eleitores do Nordeste (91%), com nível de escolaridade a partir do Ensino Superior incompleto (91%), renda familiar mensal acima de 5 salários mínimos (91%), votantes de Lula (94%), e os que avaliam positivamente a administração atual (93%).
A pesquisa também destaca que, em todos os recortes do eleitorado, os percentuais de desaprovação aos atos diminuíram, ainda que em alguns casos dentro da margem de erro. A aprovação permaneceu estável apenas entre os eleitores do Centro-Oeste/Norte (6%) com renda familiar superior a 5 salários mínimos (5%).
O cientista político Felipe Nunes, diretor da Quaest, enfatiza que a persistência da rejeição aos atos de 8 de janeiro evidencia a resistência da democracia brasileira, destacando a importância de não cair na politização da violência institucional em meio à polarização política.
Nunes compara o cenário brasileiro ao caso nos Estados Unidos, observando uma maior resiliência no repúdio aos atos com o passar do tempo. Ele destaca que, ao contrário dos Estados Unidos, as narrativas em torno dos eventos no Brasil foram menos partidarizadas.
A pesquisa também revela uma diminuição no percentual de eleitores que acreditam que Bolsonaro teve influência nos eventos de 8 de janeiro, passando de 51% para 47%. Houve um aumento no grupo que discorda, indo de 38% para 43%. A defesa a Bolsonaro é predominante entre os entrevistados da região Sul, com nível de escolaridade e renda mais elevados, e avaliação negativa do atual governo.
Outros resultados indicam que, no mesmo período, a percepção de que os participantes das invasões representam os eleitores de Bolsonaro diminuiu de 42% para 37%, enquanto o grupo que os vê como radicais alheios ao bolsonarismo aumentou de 49% para 51%.
A pesquisa foi realizada pela Genial/Quaest e ouviu 2.012 brasileiros em idade para votar, residentes nas cinco regiões, entre os dias 14 e 18 de dezembro de 2023, com um nível de confiança de 95%.


