A JBS aumenta seu reinado com a compra bilionária da Minerva, uma transação de R$ 7,5 bilhões, que exercerá ainda mais pressão no mercado de originação do boi gordo para abate.
A grande jogada dos Vilela de Queiroz, os compradores, e de Marcos Molina, o vendedor, vai ajudar o grupo dos irmãos Batista. Em muitas das grandes praças pecuárias pelo país, os produtores não terão muitas opções, será “ou abate lá ou abate cá”. A saída da Marfrig do mercado de carne in natura tira a terceira opção da mesa de negociações pelo boi gordo.
Com a concentração aumentada na compra de boi, com o Minerva levando 11 plantas brasileiras do Marfrig (de 16 no total), se o Cade não impor restrições, o JBS tende a ganhar também com animal mais pressionado.
Além disso, o volume de animais próprios em seus confinamentos tem crescido e reduzido a dependência da indústria em épocas de menor oferta de gado nas praças. De forma mais ilustrativa, quem quiser fugir do frigorífico sediado em Barretos, que do terceiro lugar deve saltar para o segundo em volume de abate, não terá como escapar do maior grupo brasileiro, enquanto o Marfrig ficará com apenas quatro indústrias e praticamente fora da carne in natura.
Espera-se que o JBS não vá pagar mais, nas regiões onde haverá sobreposição de unidades, inclusive porque o retrato de mercado abaixo dele não muda, mesmo com só um concorrente ao invés de dois. O que Marfrig compra e abate vai passar para o Minerva quando a transação estiver concluída. Não tem pedaço do negócio do JBS sob ameaça, nem na originação de matéria-prima, nem na comercialização interna e externa. A escala que o Minerva terá ajudará a neutralizar o cenário inconstante do mercado de carne crua, mas não invadirá a raia do principal player.
“Para o pecuarista, no entanto, a rádio “zapeão” mostra um misto de apreensão, espanto e alguma preocupação. No todo dos grupos pecuários, o sentimento predominante é que a maioria “não gostou” por ver menos uma porta de saída para o elo base da cadeia… O tempo dirá“, afirmou Rodrigo Albuquerque, do Notícias do Front.
Minerva se consolida ainda mais no mercado da carne bovina. Com a operação, a Minerva Foods dá um salto em sua atuação no mercado de carne bovina: a companhia ampliará sua capacidade de abate e desossa de bovinos para 42.439 cabeças/dia, em comparação ao atual volume de 29.540 cabeças/dia, representando um aumento, portanto, de aproximadamente 44% nesse indicador.
Com base na análise de sensibilidade feita para a operação, a receita líquida das plantas adquiridas somada com a receita líquida atual da Companhia resultará num montante superior a R$ 50 bilhões. Outras vantagens competitivas da transação incluem a captura de sinergias na frente logística, oportunidades de expandir e aprimorar a distribuição, além da ampliação do acesso a clientes internacionais, reforçando a liderança da empresa na exportação de carne bovina desde a América do Sul.
Serão adquiridas 11 plantas e 1 Centro de Distribuição no Brasil, 1 unidade industrial na Argentina e outras 3 fábricas no Uruguai. O negócio envolveu ainda a compra de 1 planta de cordeiros no Chile, contribuindo para a estratégia de diversificação de proteínas e atuação em mercados de nicho e de alto valor agregado.
No total, a Companhia passa a ter 40 plantas de abate e desossa de bovinos: são 21 unidades no Brasil, 5 no Paraguai, 6 na Argentina, 6 no Uruguai e 2 na Colômbia. No segmento de cordeiros, a empresa passa a ter 5 plantas e capacidade total de abate e desossa de 25.716 cabeças/dia, sendo 4 plantas na Austrália, e 1 planta no Chile, ampliando seu acesso a mercados premium.
De acordo com Fernando Queiroz, CEO da Minerva Foods, a empresa já acumula mais de 30 anos investindo diariamente para levar carne bovina da melhor qualidade para diversos mercados internacionais e essa operação, além de reafirmar a liderança da Companhia na exportação de carne bovina desde a América do Sul, representa mais um passo em sua missão de contribuir para a alimentação sustentável do planeta.
“Estamos muito entusiasmados com esse movimento, que está em linha com a nossa estratégia de diversificação geográfica e complementa de forma única a nossa operação na América do Sul, que é um dos mercados mais competitivos do mundo. Isso colocará a nossa Companhia em outro patamar, nos dará acesso a novos clientes internacionais, maximizará as oportunidades comerciais e sinergias operacionais, reduzindo riscos e ampliando a nossa capacidade de competir no mercado internacional de proteína animal”, completa o executivo.